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A Coroa do Coroa

A Coroa do “coroa”

Dona Maria Redonda pediu pra eu cantar um chamado de cura
Para que o povo aprenda
Nem que não entenda, mais fique a chamar

A primeira vez que me emociei com Dona Maria Redonda ela chorou em seu ponto me contando um pouco de sua história.
A partir daquele dia, sempre a saúdo respeitosamente como minha madrinha.
Minha ligação com as pretas velhas é anterior a minha chegada na Umbanda.
Foi uma delas que me apontou o caminho pela primeira vez quando ainda era criança.
Confesso que naquele momento não prestei muita atenção no que ela me disse.
Sábia mãe brasileira. A semente estava plantada.

Ontem, durante o nosso trabalho, novamente Ela me trouxe a emoção de viver na Umbanda.
A Preta Velha riscou um ponto lindo e usou um elemento inusitado para arrematar a sua mandinga…
O que eu vi, enquanto estava incorporado, foi o Pai Fernando sentado numa tina de madeira na beira de um rio.
Uma falange de pretos e pretas velhas, todos sob o comando de Dona Maria Redonda,
davam um banho de perfumadas ervas no nosso querido Pai de Santo.
A correnteza do rio levava, o Pai Maneco sorria.

A energia dos pretos e pretas velhas é realmente sedutora e arrebatadora.
Tranquila. Limpa. Azul.
Sinto que eles não se deslumbram e muito menos se amedrontam com nada.
Eles sabem aonde pisam e são donos daquele momento.
Se o tempo realmente não existe eles já sabem disso. A muito tempo.

Se já não bastasse toda essa maravilhosa energia, minha madrinha, depois do Pai Fernando se secar do banho, ordenou
que todos da corrente fizesem uma fila e tocassem na Coroa do “coroa”. Sensacional. Mais uma fronteira se rompeu.
Esse passo só poderia ser dado pelo simbolo maior de humildade e força da Umbanda.
E só poderia ser acatado por um Pai de Santo um tanto iluminado como é o nosso.

Emocionado depois de mais uma incorporação linda e singular, fui embora vibrando e pensando se tínhamos
conseguido a cura que a preta velha queria. Imaginei que se tratatava de um trabalho exclusivamente para o Pai Fernando.
Depois de um sono curto e sereno, acordei sabendo que a cura foi para todos nós da corrente.

Tocar na Coroa do “coroa”, nos traz luz e esperança de podermos cada vez mais nos ajudar.
Cada vez mais viver a Umbanda.

Dona Maria Redonda, eu tenho aprendido e entendido a cada dia. Por isso mesmo pra sempre vou te chamar.

Salve o Terreiro do Pai Maneco!

Marcio Belle
26/05/2009

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