Minha Opinião – Abril 2011
A diversidade da Umbanda traz uma infinidade de vantagens, principalmente a liberdade que têm os dirigentes de marcarem seus Terreiros pela sua própria filosofia, o que a torna interessante e diferente das demais.
Esse é o ponto positivo. Por outro lado, a nítida e desrespeitosa falta de ética dos dirigentes já está arrancando de muita gente olhares de soslaio para o até então incomum procedimento religioso. Para quem não sabe o que é ética, vou lembrar um episódio ocorrido nas eleições presidenciais de 1945. Durante a campanha os candidatos Brigadeiro Eduardo Gomes e General Eurico Gaspar Dutra, fizeram uma declaração publica de seus votos quando afirmaram que o Brigadeiro votaria no General e este votaria em seu adversário o até então favorito Brigadeiro Eduardo Gomes. Ninguém duvidou que o acordo foi cumprido. Eram homens de reconhecida ética.
Na mesma época foram realizadas as eleições para a presidência do clube de futebol da zona do Batel, em nossa Cidade e que reunia vinte fervorosos associados. O Dogo, meu irmão de carne, que mais tarde ficou famoso pelas suas irreverentes gozações, declarou que iria votar em seu adversário, o Zé Maria, plagiando os veneráveis candidatos à Presidência da Republica. Por sua vez o Zé Maria prometeu votar no adversário. Dito e feito. No momento da votação o Dogo votou nele mesmo e o Zé Maria votou no Dogo. No final o que não era ético ganhou as eleições pelo voto que lhe foi concedido pelo ético. Merecia perdão porque era criança quando fez isso.
Voltando à Umbanda, o dirigente ético é o que pratica a religião sem ferir a moral básica de qualquer atividade espiritual e respeita os limites de ação dentro das divisas de seu Terreiro. O que acontece fora não lhe diz respeito e ele sabe disso.
O que não tem ética, ao contrario, vive bisbilhotando os Terreiros alheios; bota medo nos consulentes para explorá-los financeiramente; ao invés de demonstrar sua capacidade para trabalhar corretamente, procura se enaltecer apontando os defeitos das outras casas e faz pouco caso dos outros dirigentes; gosta de se exibir querendo mostrar ser entendido; quer ser sempre o melhor e gosta de se dizer chefe, esquecendo-se que o líder é escolhido e não imposto; quando tem oportunidade de conversar com os médiuns de outros Terreiros sempre levanta suspeita sobre a qualidade da eficiência do trabalho do dirigente; faz trabalhos para assuntos amorosos cobrando quantias altíssimas por isso; despreza a necessidade de seus filhos de corrente; não respeita a privacidade de seus consulentes; envolve-se amorosamente com médiuns de sua corrente, alicia médiuns de outros terreiros na tentativa de trazê-los para o seu. Esses dirigentes sabem que estão errados e por isso não merecem perdão.
Mencionei esses itens, mas existem muitas outras situações que os dirigentes ferem totalmente qualquer principio ético. Enumerá-los não vai trazer solução pratica. É só uma citação.
Codificar a Umbanda seria um desastre, mas quem sabe uma mega reunião envolvendo federações e confederações para serem criados fundamentos básicos e mínimos para o bom comportamento da religião fosse uma solução para por um freio nesses absurdos. Ninguém pode proibir que aconteçam os exageros, principalmente porque isso faz parte de qualquer religião. Mas uma conscientização publica iria com certeza alertar nosso povo que não deve se deixar explorar por essa gente.
Essa é a Minha Opinião!
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