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ESTUDANDO COM PAI FERNANDO VIII

Estudando com Pai Fernando.

05/06/2023

O texto do “Minha Opinião” escrito por Pai Fernando em Maio/08, trata sobre a importância de Desmistificar a Umbanda, no sentido da incorporação consciente: “Os pais e mães-de-santo  têm a obrigação de mostrar uma Umbanda alegre, voltada só para o amor, sem usar energias densas em seus trabalhos, nada cobrar por seus serviços em favor do seu semelhante e descortinar esse véu místico de segredos. Eu vou cumprindo essa tarefa aos poucos. Hoje vou falar da consciência dos médiuns durante a incorporação.

Quando iniciei na Umbanda, durante uma gira de desenvolvimento, incorporei o Exu Tranca Ruas das Almas. Ele veio calmo, elegante e com uma postura de fidalgo. Isso me atrapalhou porque esperava que fosse diferente. No final, quando o grupo discutia a gira e seus desdobramentos e como não sabia ainda que o Exu Tranca Ruas das Almas é exatamente assim, não hesitei em dizer ao pai-de-santo que ia voltar ao kardecismo pela dificuldade de me adaptar às incorporações dos exus, pois não sabia me entortar, torcer as mãos e andar como animal. O pai-de-santo, demonstrando surpresa, cumprimentou-me pela coragem de dizer que eu era médium consciente. Afirmou que todos os presentes se diziam inconscientes. Olhei os quarenta e tantos companheiros na roda, todos de branco, olhando-me também surpresos. Bem, nesse momento os fatos posteriores não vêm ao caso. O importante foi que todos eles, de uma forma ou outra, “confessaram” que eram conscientes durante a incorporação, como se isso fosse um crime. A culpa é dos dirigentes que não explicaram ser isso comum.”.

Já falamos aqui em outros artigos a importância de estudar, entender, compreender, nisso Pai Fernando é categórico: “A consciência tem sido um tabu para os médiuns iniciantes. Pelo fato de perceberem tudo em volta de si passam a crer que são eles e não o espírito o dono das ações. Ninguém pode deixar de considerar que mesmo o médium tendo um comportamento influenciado pelo seu mental, a energia do espírito comunicante está presente e tendo uma participação ativa. A preparação cultural e ética do médium é muito importante para as comunicações fluírem até o ponto que ele verá que as palavras não são suas, mas vindas de uma força maior. Não se esqueçam que a verdade faz parte da ética.”

Em Fev/2009, no blog do Pai Maneco, Pai Fernando nos presenteou com um texto sobre animismo “Animismo é quando o médium fica tomado sob o domínio de seu próprio espírito sem a interferência de um desencarnado. Esse termo é comum, mas o fenômeno não, por isso ele é muito mal explicado e erroneamente usado. No caso do animismo não existe má fé. Ao contrário, o médium acredita que está incorporado com uma entidade. Pela sua raridade, não vejo animismo como problema mediúnico. Prefiro discutir a mistificação, ou seja, as incorporações falsas, de má fé, com a intenção de iludir os outros. Ela pode ser feita pelo médium, que dá a entender que está incorporado e fala por sua própria consciência, ou pelo espírito, que finge sua identidade. Quando é o espírito o mistificador, o médium fica sob seu domínio e não sabe que o espírito está mentindo. Essas duas situações de mistificação podem desencadear uma discussão para editar um livro inteiro. Quando o terreiro tem firmeza essas coisas logo são descobertas e contornadas pelos dirigentes. O que tem que ficar bem claro é ser comum o médium pensar que é ele quem está falando e não o espírito.

É importante aqui salientar que as dúvidas sobre sua incorporação devem sempre ser tiradas com seu Pai (Mãe) de Santo: “Perguntar e exigir resposta é correto. Vou dizer o que acho que seria o ideal para o médium: desenvolver sua intuição, seu equilíbrio emocional para poder incorporar em casos de emergência fora do terreiro. Para isso, entretanto, o médium tem que estar bem sintonizado com o terreiro, porque quando o médium não tem ninguém acompanhando sempre terá a força da corrente. O Pai Maneco uma vez disse que os trabalhos no terreiro eram apenas um treinamento para o médium poder trabalhar sempre que fosse necessário. FMG” mais importante ainda lembrar que dentro das regras do Terreiro do Pai Maneco não temos autorização para incorporar fora do terreiro, Pai Fernando cita o que seria ideal, por ora reforçamos que estudar e desenvolver sua intuição (assunto tratado no Estudo 2) nos é autorizado.

Quantos de nós nunca se perguntou “Será que esse calor é vibração?” “Será que estou pronto para incorporar?” “Será que estou sentindo certo?” “Será que sou eu ou a Entidade?” “Será que estou mesmo incorporado?” “Será que estou agindo certo?” “Será que o Caboclo deveria bradar?” “Será?” “Será?” “Será?” “Será?”, são infinitos “Serás” que invadem nossas mentes antes, durante e depois das incorporações. Vamos tentar esclarecer alguns desses questionamentos com algumas perguntas e respostas retiradas do Blog do Pai Maneco sobre o assunto:

P. Se é comum o médium pensar que é ele quem está falando e não o espírito, fica por várias vezes difícil identificar se realmente há uma incorporação. A diferença seria a fé?
R. Umbanda de confiança não erra nesses assuntos. O médium deve expor sua dificuldade ao dirigente que, sem nenhuma dúvida, explicará o que está acontecendo. Nesse caso não cabe ao médium “identificar”, esse é um assunto do pai (ou mãe) de santo, desde que existe essa conversa aberta. FMG

P. Quando um médium novato está na corrente ele as vezes sente arrepios, dores na nuca, sensação de sono, dor de cabeça, tremedeira, isso é sinal de entidade de incorporação? Como saber o potencial e quem é essa?
R. Todos os sintomas mencionados fazem parte da movimentação dos chacras e indicam uma abertura da mediunidade, muito embora isso não seja uma regra geral. Vou dar uma sugestão: quando isso acontecer dirijam-se à hierarquia (não ao médium do lado) e digam: o Pai Fernando mandou você cuidar de mim.

P. Quando o médium estiver em dúvida na incorporação, é conveniente bater a cabeça e não dar passagem a esse espírito? Pode ser um espírito brincalhão? E se for apenas coisa do espírito do médium?
R. Faça como eu disse no final da pergunta anterior e não se preocupe com o espírito do médium porque em 52 anos eu nunca evidenciei isso.

P. No caso de um médium que já está na corrente e agora surge esta dúvida, como proceder? Não deve deixar passar, deve bloquear a incorporação? E na mistura do café com leite? Se nesse caso for somente o café (médium)?
R. Esqueça o animismo. E converse com seu Pai (Mãe) de Santo para uma ajuda efetiva.

P. Notei que com o passar do tempo fica mais difícil sentir a aproximação da entidade, tenho que me concentrar mais para sentir. Isso se deve a afinidade com a entidade ou seria outra coisa? Digo isso por que no começo sentia calafrios fortes, vibrava bem mais e hoje quando vejo já está lá.
R. Deve ser porque o espirito está cada vez mais integrado com teu perispírito. O choque fica menor. FMG

P. Um médium incorpora sempre o mesmo espírito?
R. Pode ser sempre o mesmo espirito, dependendo da relação que existe entre ele e o médium. Entretanto, outras entidades também trabalham com o médium. Dentro da Umbanda funciona assim: o médium tem o seu Orixá Cósmico e dentro dessa linha em a sua entidade protetora e mandante das suas coisas espirituais. Em cada linha chamada no terreiro ele vai receber outra entidade. E vai chegar em um ponto de desenvolvimento que ele incorporará a entidade que quiser, ou seja, o médium tem o livre arbítrio de aceitar ou não a incorporação. Para dar uma ideia eu incorporo as seguintes entidades: Pai-de-cabeça da minha linha cósmica, o Caboclo Akuan; na linha dos pretos-velho o Pai Maneco e Pai Luis; na linha de Oxóssi, o Caboclo Junco Verde; na linha de Xangô o Caboclo da Cachoeira; na linha dos ciganos, o Cigano Woisler; na linha dos boiadeiros, o Seo João Boiadeiro; na linha dos marinheiros, o Marinheiro Martinho; na linha de exus, o Exu Tranca Ruas das Almas, Exu Morcego, Exu Pantera e ainda, eventualmente, os Exus do Rio e Seo Tranca Ruas da Encruzilhada; e ainda o Seo Zé Pilintra. Relatei todos para que se entenda que um médium pode receber várias entidades. FMG

P. Quando incorporo, tenho uma grande dificuldade em deixar “fluir” a intuição, dificuldade em deixar a entidade trabalhar, porque bate aquela insegurança de não saber o que fazer, se estou mesmo incorporada. Tem alguma maneira de facilitar isso, de amenizar essa dificuldade?
R. O melhor treino para o médium sentir segurança é quando estiver incorporado conversar com alguém. No teu caso sugiro que você fale com teu pai-de-santo, explique a situação e peça para que ele mande pessoas de tua confiança, podendo ser da própria gira, falar com a tua entidade. Não tenha nenhum constrangimento de sugerir isso ao dirigente porque é obrigação dele atender seus médiuns. FMG

P. E quando o médium quer sim estar incorporado, fica concentrado e a energia não acontece? Ou seja, ausência de vibração para incorporação?
R. Se a vibração não mais acontece, o melhor mesmo é tentar novamente a incorporação.

Finalizamos esse estudo reiterando a importância do exercício da paciência, é possível sentir tudo que foi relatado nesse artigo e não incorporar assim como é possível não sentir nada e incorporar. Confie no Pai (Mãe) de Santo que escolheu, pergunte sempre que tiver dúvidas, não pule etapas e aprenda tudo o que for possível.

Texto: Denise Oliveira

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