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Dislexia Espiritual

Dislexia é uma disfunção cerebral que causa dificuldades para ler, escrever, soletrar, separar em sílabas. O dislético troca letras, inverte frases, compreende coisas de modo diferente dos demais. Na escrita são muito comuns as trocas de v pelo f do m pelo n. Causa também dificuldades de separação em sílabas. É muito comum o portador de dislexia unir duas palavras numa só. Ele entende tudo, sabe tudo, mas não consegue colocar corretamente no papel em forma de escrita. A redação desta pessoa é um verdadeiro horror. Antigamente quem tivesse este transtorno era tido como o “retardado” da família. Cruel, para alguém com um simples transtorno cerebral. Graças à ciência, hoje o então “retardado mental” é só um dislético e melhor, é tratável. Não tem cura, mas é tratável e o tratamento para a dislexia é o treinamento. Treinamento exaustivo. Milhares de palavras escritas e repetidas centenas de vezes em cadernos sem fim. No mínimo três ou quatro anos de treinamento com um profissional especializado, seções intermináveis de cópias, ditados, pesquisas de palavras, leitura de textos, soletração.
Se o tratamento já é difícil, fico imaginando como deve ficar a cabeça de um dislético não treinado que sabe das coisas, entende as coisas, expressa-se verbalmente muito bem, é inteligente, tem um bom raciocínio, disposição, vontade de aprender cada vez mais, mas na hora da prova de português vai se dar mal, muito mal. Vai ser reprovado porque não consegue expressar o seu conhecimento. E não importa se ele sabe tudo de geografia, história, matemática, ciências. Como ele não consegue transformar aquilo que aprendeu em frases ele vai levar pau.
Com a mediunidade acontece algo semelhante. Eu vejo o médium como um dislético espiritual. Um espírito encarnado que traz consigo um dom chamado mediunidade que não tem cura, até porque não é uma doença, mas tal qual a dislexia é um grande transtorno para a vida e que da mesma forma que a dislexia tem tratamento. O tratamento do médium é o treinamento. A vida do médium é uma confusão sem fim, sobretudo nas questões de relacionamento. É marido que não entende a esposa, é mulher que não aguenta o marido, é filho que briga com pai ou pai que odeia filho. São irmãos que não se entendem, paixões desvairadas, amores devairados. É num momento querer estar entre amigos e no dia seguinte não suportar mais a mesmice dos amigos. É uma névoa que envolve a cabeça e atrapalha a visão lógica. É estar de bom humor agora é após buscar os filhos na escola ficar irritado e achar a vida insuportável. É estar feliz neste instante e depois de encontrar um conhecido qualquer desvairar-se em pranto sem nenhum motivo coerente e ao ser perguntado:
– Por que você está chorando? a resposta vem simples:
– Não sei.
É responder com grosseria a uma pergunta comum, é sentir ódio do mundo, é isolar-se, é tomar decisões abruptamente e arrepender-se depois, é matar no trânsito e depois de anos de um processo exaustivo não entender porque por um motivo tão insignificante tirou-se a vida de alguém. Pior, é ter consciência de tudo isso e mesmo assim muitas vezes não conseguir controlar-se e acabar explodindo num turbilhão de emoções desconexas.
É meu velho, tudo isso são consequências da mediunidade e apesar de você saber disso tudo, se um dia você esmurrar o teu melhor amigo não adianta tentar explicar-se e desculpar-se alegando que você foi influenciado por um espírito ruim. Não, a responsabilidade é tua e pelo teu ato você será julgado. Em última análise, você permitiu que aquele espírito se manifestasse daquela forma por teu intermédio. Você é culpado. Você é médium e como tal tem que aprender a controlar-se. O controle da mediunidade faz parte do desenvolvimento mediúnico e é fundamental para ele. Tal qual a dislexia, a mediunidade requer treinamento permanente e exaustivo. Comece o treinamento diferenciando o que é teu daquilo que não é. Você se conhece, sabe qual o teu padrão de comportamento, sabe da tua índole. Se você sentir algo que não é compatível com o teu jeito de ser fique atento e controle-se. Não brigue, não fale, não tome decisões, não telefone, não assine. Pare, ore, peça socorro aos teus guias espirituais, procure um médium mais experiente e ponha para fora o que você está sentindo. O importante é você ter consciência de que isto que você está sentindo não é teu. A consciência da existência de uma influência externa aniquila esta influência. Pare e pense antes de tomar qualquer decisão. Faça como o dislético: pense na palavra antes de escrevê-la e com certeza você não será reprovado.

Pai Caco de Xango
26/11/2015

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