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O cambone e a Umbanda

por Laura Wolf Miranda

Sempre acreditei que para um trabalho espiritual atingir seus objetivos o médium, a entidade e o cambone precisam estar em sintonia. Que as três energias são importantes e se completam.

Como cambone, sempre fui ao terreiro acreditando que minha missão era muito além do que apenas alcançar os materiais que as entidades pediam. E assim foi por um ano quando eu camboneava o Pai Léo de Oxóssi, quando ele ainda era capitão da gira de segunda-feira.

No dia de gira, desde cedo eu já começava a me preparar e buscar a conexão com a entidade que iria trabalhar a noite. Preparava a bebida, ajeitava a roupa (muito limpa e bem passada), a maleta com os materiais, sempre observando com atenção se não estava faltando nada. Antes de sair de casa tomava o banho com as ervas e aí sim, tudo pronto para mais um trabalho de muita troca e aprendizado.

Numa segunda-feira me preparei para gira, como de costume, e na hora de fechar a porta de casa, “não” sabendo o porquê, voltei e peguei um mamão que estava na fruteira. Na segunda parte da gira preparei tudo como o Caboclo Tupinambá gostava e o recebi para iniciarmos o trabalho. Lá pela terceira consulta, ele olhou para mim e disse: “Agora você pode ir lá pegar aquilo que você trouxe”. Só aí então eu lembrei que tinha um mamão na minha bolsa. Fui até o vestiário, peguei a fruta e fiquei observando o trabalho maravilhoso e cheio de energia que foi realizado para aquele consulente.

Depois que acabaram as consultas, S. Tupinambá vendo que eu estava surpresa, me olhou sorrindo e disse que já estávamos trabalhando para essa consulta muito antes de chegar no terreiro.

Situações semelhantes a essa aconteceram inúmeras vezes. E foi assim, na prática, que aprendi a importância que um cambone, bem preparado e de coração aberto, tem na Umbanda.

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