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Do Luto à Vida – Por Thiago Aldigueri

Eu e minha esposa sempre tivemos o sonho de sermos pais, desde quando namorávamos, essa certeza sempre esteve presente nas nossas conversas.

Em 2013 veio a primeira gestação, e com ela toda a alegria e felicidade que essa descoberta carrega. A ansiedade, o contar pra família, o ‘’será que é menino ou menina’’. Porém, com 12 semanas de gestação as coisas não aconteceram como esperávamos, quando em um ultrassom de rotina descobrimos que nosso bebê havia parado de se desenvolver. Todos que já passaram por isso sabem que o chão se abre… todos os planos, todas as expectativas, todas as roupinhas já compradas, todos os sonhos se vão em milésimos de segundo. Mas, apesar da dor e da tristeza, nos apoiamos um no outro e seguimos em frente, os médicos sempre nos acalmando sobre o quão a natureza é sábia e que não deveríamos desistir.

Em 2015 veio a segunda gestação, alegria novamente, um pouco de medo dessa vez, receio, e novamente um abortamento. Mais tristeza, e um medo maior. Agora o medo que cresceu foi o de não conseguirmos ter nosso filho, de nunca isso dar certo. Os médicos nos sugeriram exames genéticos, e mais vários outros pra investigar se algo poderia estar errado, e que estaria resultando as gestações em abortamento. Foi mais ou menos um ano de investigações, exames e mais exames. Nada encontrado, tudo normal. Fomos liberados para tentarmos novamente. Porém, o medo e a tristeza tinham tomado proporções muito grandes, o medo de dar errado de novo estava se tornando maior que a vontade de tentar de novo. Começamos inclusive a pensar em adoção, pois sempre fomos muito a favor e abertos a isso.

Como nossa FÉ é muito grande, e essa nunca diminuiu ou foi colocada em dúvida pelos acontecimentos, no início de 2017, minha esposa sugeriu que fizéssemos um ritual frente ao mar, pra encerrarmos o luto das perdas e pra que tentássemos novamente uma gestação. Fomos até a praia, pegamos duas rosas brancas (simbolizando cada perda), fizemos uma oração pra que Iemanjá lavasse nosso coração, pra que nos tirasse a tristeza e nos renovasse a alma pra nos abrirmos a um novo ciclo. Foi um momento muito intenso, de lágrimas, de desprendimento. E finalizamos jogando as duas rosas ao mar.

Passado um tempo, tivemos a gira de obrigação no terreiro, onde eu e minha esposa participamos, e o Pai Renato, nosso pai de santo, marcou um dia para a entrega das guias das entidades na nossa gira. Minha esposa trabalha com a Vovó Sabina, que pediu que sua guia contivesse conchas alternadas aos capiás, e uma concha maior embaixo junto com uma cruz.

Nesse dia após a entrega das guias às entidades, findada as consultas, fui até a Vovó Sabina para lhe falar sobre umas dores abdominais que eu estava sentindo há alguns dias. Quando sentei na sua frente, antes que eu falasse qualquer coisa, Vovó começou a me falar sobre a guia:

“- Fio, tá vendo essa concha aqui em baixo, ela guardava uma preciosidade… ela fazia a proteção, e simboliza também a fecundidade, e ela vai ficar agora na altura do útero do meu cavalo, para protege-lo também a partir de agora. “

Nessa hora já nem lembrava mais o que eu tinha ido pedir ali, estava arrepiado e emocionado. E ela continuou:

“- Fio, Iemanjá foi quem levou a tristeza dôceis, e é ela quem trará a alegria novamente!”

A emoção então tomou conta, eu chorava, cambone chorava… Eu na hora pensei, a Dani está grávida. Aguardamos um pouco e 3 semanas depois desse dia começaram uns sintomas, fizemos o teste, e POSITIVO! ! !

Ficamos imensamente felizes. Claro que o medo se fez presente, pelo histórico, mas dessa vez estávamos mais confiantes, pois a fala da Vovó ecoava na nossa cabeça cada vez que o medo vinha.

Uma das primeiras pessoas a saber a novidade foi o Pai Renato, liguei pra ele e pude sentir sua felicidade em receber a notícia e em nos encorajar que daria tudo certo. Na gira seguinte o Caboclo Japorã pediu que a Dani se sentasse ao meio para que fosse feito uma firmeza, ele riscou um ponto dos dois lados da tábua, sendo o lado que ficou pra baixo um coração dentro do outro. Pra nossa surpresa quando ele terminou o trabalho e tirou a tábua, o ponto havia transferido pro chão, ficando marcado no chão do terreiro os dois corações, algo que posteriormente conversamos com o Pai Renato e que ele nunca viu acontecer daquela forma.

As semanas foram passando, tudo indo perfeitamente bem, com 4 meses descobrimos o sexo. Uma MENINA! Começamos a pensar na escolha do nome, queríamos algo que tivesse um significado importante pra nós.

Em março desse ano (2018), estávamos no trabalho de praia do terreiro, e no final, quando todos se dirigiram até o mar, lá fomos também eu e minha esposa com seu barrigão no alto dos 7 meses de gestação, molhar os pés e agradecer a Iemanjá pelo presente que foi nossa filha… assim que viramos as costas algo entre nós dois esbarrou no pé da minha esposa, olhamos pra baixo, era uma rosa branca! Peguei a rosa e sem falarmos nada, uma emoção das maiores que já sentimos nos tomou, nos abraçamos e choramos muito, era uma felicidade tão grande, uma confirmação tão grande, que não existem palavras que traduzissem aquele momento. Aliás, existe: ”- Fio, Iemanjá foi que levou a triste dôceis, e é ela quem vai trazer a alegria novamente.”

E assim, sob a benção de todos os Orixás e com muita saúde, no dia 8 de junho, nasceu nossa filha MARINA – ‘AQUELA QUE VEM DO MAR’.

12 thoughts on “Do Luto à Vida – Por Thiago Aldigueri

  • 19 de outubro de 2018 em 23:12
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    Imensamente grato pela certeza que tudo tem seu tempo e nada jamais deu errado em nossas vidas!!!! Conhecemos está religião maravilhosa que é a umbanda juntos há vários anos atrás e compartilho contigo, meu amigo, todas as alegrias que ela nos trás!!!! Um forte abraço com axé!!!

  • 20 de outubro de 2018 em 22:25
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    Que história emocionante e inspiradora! Só fortalece a fé de quem a lê! Obrigada por esse compartilhar tão lindo; era tudo o que eu precisava ler hoje! ????????

  • 24 de outubro de 2018 em 13:25
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    gente, chorei de emoção com a história de vocês! Simplesmente lindo! Me arrepiou toda!!!! Parabéns por essa benção!!!

  • 30 de outubro de 2018 em 19:11
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    Realmente muito emocionante, assim como vocês também tenho meu filho graças a essa casa maravilhosa que me acolheu, ao Pai Fernando eterna gratidão, qd digo que sei foi porque eu tive 4 gestações interrompidas sem justificativas, até a cirurgia espiritual no terreiro e a vindo do Guilherme qu hj tem 12 anos, curtam cada minuto da Marina, pois certamente ela terá muito a ensinar a vocês.

  • 26 de novembro de 2018 em 18:50
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    Nossa linda história, me emocionei aqui, prq tbm passamos momentos difíceis mas nunca deixamos de acreditar e confiar em nossos guias e orixás !
    Saravá paz e luz!

  • 18 de janeiro de 2019 em 09:33
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    Que lindo foi ler sobre esse milagre proporcionado por nossa Mãe! Que “aquela que veio do mar” tenha sempre a serenidade, a força, a transparência e tudo mais de bom que sua origem possa lhe passar!!!

  • 1 de fevereiro de 2019 em 09:35
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    Uma história que nos emociona! Vcs em sua luta apesar das duas grandes tristezas não perderam a sua fé! Isto os manteve e com certeza foi o principal elemento pra serem abençoados e finalmente ,Mae Yemanjá gerar está nova vida ! Parabéns! Salve Yemanjá! Ó doce iaba!

  • 3 de fevereiro de 2019 em 16:58
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    Que linda história, chorei com este lindo depoimento! Obrigada por que cada vez temos a certeza de que lá de cima eles estão olhando por nós.

  • 27 de fevereiro de 2019 em 16:59
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    Um lindo e emocionante testemunho de fé!!!
    Que toda a espiritualidade amorosa cubra a família de bençãos!!!!
    E que a Marininha tenha um caminhar de muita luz!!!!!

  • 19 de março de 2019 em 07:59
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    Que texto maravilhoso! Hoje acordei com muito amor no coração, pois acordar com preto velho cantando e me protegendo é lindo demais, e agira ao ler essa história de amor e fe so confirma que eu nao poderia ter escolhido lugar melhor.
    Muita luz a todos nós!

  • 14 de outubro de 2019 em 08:43
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    Tudo tem o seu tempo e uma razão maior de ser… Parabéns ao casal e que a Marina cada vez mais receba as bençãos de sua, minha, a nossa mãe Iemanjá! Odoyá minha mãe!

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