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FÉ E ORAÇÃO – por Fernanda Siqueira Reis

Sexta, hora do almoço. Somente legumes e verduras no prato, sábado seria dia de gira e eu fazia o preceito desde cedo. Gosto diferente na boca, de peixe, coceira na garganta, correria pro hospital. Estava tendo uma crise alérgica, são vários os alergênicos que evito ao máximo, mesmo assim houve contaminação cruzada. Chego no P.A. até que tranquila, já conhecia o protocolo de atendimento: anti-histamínico intramuscular, corticóide com soro e adrenalina intramuscular.

 

Mas comecei a flagrar imperícia no atendimento. Era tarde, adrenalina na veia, convulsão, dor e sofrimento. Eu gritava por socorro, mas não saía voz, contorcia muito, mas consciente, sentia tudo. Eu só suplicava pela vida ao Seo Cariri, Seo Sete Encruzilhadas e à Deus! Algumas horas depois e já estabilizada, incrivelmente tive alta, com uma dor insuportável na cabeça, dita normal. Fui pra casa me arrastando sabendo que algo muito grave me ocorrera e que fui salva pelos Guias.

 

Sábado acordo cedo ainda mal, mas eu tinha ressonância de rotina agendada a tempos (coincidência não existe). Ao finalizar o exame sou “convidada” a fazer uma tomografia. Ih, aí tem! – pensei eu. Termino a tomografia e percebo os olhares preocupados: “Dona Fernanda, constatamos coágulos no seu cérebro, deve ser internada imediatamente, espere o laudo e vá já pro hospital”. E fui.

Dou entrada no mesmo P.A. que tinha me judiado um dia antes. Rapidamente vem um neurologista de plantão e me encaminha pra UTI, internação imediata! Lá estou eu de aventalzinho, toda conectada às máquinas e sem entender nada, me parecia exagero todo aquele cuidado.
Estava um pouco agitada e recusava calmantes, eu sabia que deveria ficar atenta e confiante, quem tem fé tem tudo. Exames aqui, agulhadas ali, vem o diagnóstico: HSA, dois coágulos no cérebro. Resumidamente eu estava ferrada! Dava pra ver na cara dos enfermeiros e pelo entra e sai de médicos.

Mas estava relativamente bem, além da dor de cabeça e um a sensação de gelado no crânio, só de papo com a turma do terreiro no whatsapp narrando o que estava ocorrendo, até que vem a mensagem: “Fer, se concentra que a Dedê vai fazer um trabalho na gira pra você”. Beleza! Já sabia o andamento da gira, confiava totalmente na minha Mãe de Santo e no Seo Cariri, fui relaxando e me concentrando, daí começaram as imagens de flechas, lanças, espadas, rostos pintados, águias, caveiras, tudo envolto a muito sangue.

Acabei apagando. Depois de um tempo acordo assustada com alguém no pé da cama. “Volte a dormir, ainda não acabei aqui! ”. -Sim sr. meu Pai! Jamais iria desobedecer, com sua capa azul, rosto com traços finos e muito altivo. Fiquei um pouco nervosa ao vê-lo, pois ali era o limiar tênue entre o encarne e o desencarne, estava óbvio. Dormi novamente, um sono pesado. Acordei com agulhadas, mas tranquila pois eu tinha sido muito bem cuidada e sabia que aquele não era meu leito de morte, afinal Seo Tranca Rua das Almas esteve lá e eu continuava neste plano!

Contrariando a todos os prognósticos me sentia bem, comia, mexia tudo, não tinha sequelas e eu repetia como um mantra: “Eu tô bem, tá tudo bem! ” Em momento algum pensei em outra coisa que não fosse a cura, tinha certeza dela, me era absurda a fatalidade. Eu tinha fé! Recebia de amigos queridos orações e fotos dos amalás feitos, santa magia!

No sexto dia de internação eu estava estável, era 23 de abril, dia de Ogum meu Pai e protetor, e recebo alta da UTI tarde da noite e sou acomodada num quarto, Ogunhê! Bem melhor! Com meus pais pertinho, sem os eletrodos e os bibibis das máquinas, algumas visitas e muitas picadas, sigo mais cinco dias internada e finalmente saio do hospital.

Não tive alta, saí à revelia contrariando médicos e família, estava cansada de ter que ficar alerta o tempo todo com remédios e alimentação que me eram dados. Não sei explicar, mas eu sabia que deveria sair dali ou então morreria naquele quarto. Minha teimosia habitual finalmente foi útil.
Procurei ajuda em hospital especializado e dias depois me foi dado outro diagnóstico: trombose cerebral, ocasionada pela administração endovenosa de adrenalina. Era um milagre estar viva e sem sequelas físicas, abalada emocional e psicologicamente, mas viva!

Fui em todas as Giras agradecer, fui salva pelo poder da oração de muitas pessoas amigas e desconhecidas, além do trabalho ininterrupto de Entidades e Falanges de todas as Linhas. Foi comovente o carinho dos encarnados e desencarnados, felizes por termos conseguido vencer a maior batalha já me imposta. Apenas há 4 meses tive a certeza que não há mais vestígios dos tais coágulos e sigo uma vida nova.
Agradeço todos os dias o merecimento de continuar neste plano para cumprir minha missão que acredito ser especial.

Gratidão eterna a meus pais Marisa e Fernando, tia Mari, Polaca, Mãe Denise, Mãe Lucília, Aninha, Loam, Val, Camila, Álvaro, Tania, Clau, Seo Tranca Rua das Almas, Seo Cariri, Seo Sete Ponteiras do Mar, Seo Akuan, Seo Águia Branca, Seo Sete Encruzilhadas, Mestre, Pai Fernando (por ter fundado essa casa santa) e a todos os amigos, parentes, médiuns e Entidades do Terreiro do Pai Maneco.

Fernanda Siqueira Reis – Gira de segunda-feira.

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