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A Mãe África e o Racismo no Brasil

A mãe África e o racismo no Brasil
Claudio Henrique de Castro

Grande parte do que o nosso país pode se orgulhar é obra da mãe África.
Dentre eles, somente para lembrar, o sucesso de todos os ciclos econômicos.
A lista não é exaustiva, mas nos lembremos de alguns gigantes e da cultura brasileira: o mestre Aleijadinho, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Lima Barreto, José do Patrocínio, Cruz e Sousa, Feijoada, Samba, Cartola, Garrincha, Pelé, Elza Soares, Alcione, Jorge Benjor, Gilberto Gil, Seu Jorge, Milton Nascimento, Tim Maia, Luiz Melodia, Djavan, Grande Otélo, Milton Gonçalves, Mussum, Tony Tornado, Zezé Motta, Léa Garcia, Ruth Souza, Camila Pitanga, Capoeira, Umbanda, Candomblé, Orixás, Milton Santos, Nilo Peçanha e muito, muito mais personagens ilustres e desconhecidos, com e sem rostos que construíram e constroem o Brasil.
Enquanto isto, as telenovelas e minisséries brasileiras, situam os afrodescendentes em papéis quase sempre subalternos e marginais, uma vergonha que inculca nas pessoas o preconceito. É o caso da “mami”, a criada carinhosa e sempre obediente, do “capitão do mato” ou do “guarda costas”, do fiel serviçal e do “herói solitário”, que quase sempre acaba sozinho ou morto na trama e finalmente os vilões das comunidades e do tráfico.
Por outro lado, a legislação é abundante em penalizar o racismo, mas com baixíssima aplicação nos tribunais e pouca investigação e estrutura da polícia judiciária, é o caso das leis 7.716/89, 9.459/97, 12.288/10 e 12.735/12.
O mito da igualdade racial no Brasil já não mais subsiste nas academias, foi uma enganação. A ideologia do branqueamento que subsistiu do Império até Getúlio Vargas fez frutificar a ideia de que somente com os europeus o Brasil poderia “dar certo”, um engodo completo, diante da desfaçatez da exclusão que se fez aos afrodescendentes. Lembremos também dos nativos que, ao lado dos negros, lutaram nos quilombos e sofrem da exclusão.
Cogitam-se, com muita timidez, as cotas para concursos de professores nas universidades públicas ou privadas, nos poderes Executivo, Legislativo, por meio das cotas partidárias e afinal, no Judiciário e no Ministério Público.
A ideologia racista está em muitos lugares, nas propagandas, nos programas dos canais das televisões, na difusão do preconceito contra as religiões afro-brasileiras, no novo “darwinismo social” que prega que no mundo globalizado somente os mais capazes é que podem sobreviver e vencer no capitalismo, excluindo os sem oportunidade, os sem escola e os marginalizados pelo sistema econômico.
Urge implementar no Brasil políticas de inserção social, caso contrário, persistiremos numa sociedade dividida que ainda não curou as chagas de 388 anos de escravidão, abolida tardiamente pela Lei Áurea que livrou os escravocratas, a Igreja e Portugal do pagamento das indenizações aos afrodescendentes.
O ensino de altíssima qualidade, público, em todos os níveis e acessível a todas as classes sociais é que poderá fazer as transformações que o Brasil carece, essa foi a receita do “plano Marshall” que reconstruiu a Europa, destruída pela segunda guerra mundial e lhes dotou duma ampla classe média, altamente escolarizada. É também o caso da robusta Alemanha, dos tigres asiáticos e Japão, do grande urso russo e do gigante dragão Chinês, todos pulsantes na economia mundial.
Os modernistas de 1922 tentaram construir uma identidade nacional, ainda não a temos, ela é multifacetada, sem colorações ou preconceitos.
Somente teremos a nossa brasilidade depois de extirparmos o preconceito em nosso país e isto depende de profundas políticas públicas de inserção social, dos meios de comunicação, das instituições aplicarem com rigor as leis vigentes, além é claro, da conscientização da sociedade.

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