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O Pai Maneco na Pedreira II

Que loucura é essa que a Lucília inventou agora? Gira, na Pedreira Paulo Leminski, em cima de um palco. Sei.

Sempre tenho um pouco de preguiça de ir aos trabalhos fora do TPM. Confesso. Já fui mais empolgado, digamos assim, com essas giras. Não estou dizendo que não são maravilhosas e suas energias incrivelmente arrebatadoras. Nada disso. Preguiça mesmo.

Estava curioso para compreender o que me esperava lá naquele lugar que é lindo, local de tantos shows um mais legal que o outro, que vive e respira arte e cultura.

Chegamos por volta das oito e meia da manhã, ainda frio, porém com o sol despontando e dando sinais que o dia seria além de bonito, quente.

Uma certa população de gente vestida de branco indo e vindo de lá para cá. Esta foi minha primeira visão lá de cima próximo ao elevador. Saravá, pensei.

A corrente se formando em cima de um palco todo aberto e vazado, gigante como a força e a fé da corrente de ferro e de aço com alma no coração. A corrente do Caboclo Akuan mais uma vez dava mostra de seu arrojo, unidade, determinação e fé. E apenas esta visão já me foi suficiente para eu pensar “ainda bem que estou aqui”.

Início dos trabalhos com palavras da Mãe Lucilia de Iemanjá, dirigente de nosso terreiro, o Terreiro do Pai Maneco, com uma emoção intensa e verdadeira. Quem conhece a Lucília sabe bem o que estou falando. Seus olhos brilhavam, sua respiração era outra, sua voz embargada demonstravam que aquela loucura tinha tudo para ser uma das grandes surpresas que viriam durante aquela manhã e que ficariam eternizadas em nossas memórias.

Senti muito a presença do Pai Fernando de Ogum, meu pai, meu guia, orientador e amigo. Era dia dos pais. E ele não poderia de receber tamanha homenagem de seus filhos. Estava ali seu legado.

Início da gira com Pai Eder riscando a Mesa da Umbanda. Pontos de força e de todas as linha da nossa religião. Os orixás representados e atuando por meio daquela egrégora formada.

Salve o Hino da Umbanda! Salve o Caboclo Akuan!

Fui tomado por mais uma emoção que fizeram meus olhos se encherem de lágrimas. Lágrimas de alegria, de saudade. Lágrimas de fé. Lágrimas de sentir a necessidade de sermos amor, que estamos todos no mesmo barco, que devemos respeitar o próximo, que devemos ser cidadãos, que devemos nos entregar ao poder do amor. Apenas isso.

A gira transcorre de maneira suave, natural. Força de Xangô, de Iansã, dos Pretos e Pretas Velhas, Iemanjá. Tudo equilibrado. Em verdadeira paz e harmonia.

O sol nos aquecia de mais fé, mais amor, mais axé. Assim é minha religião. Aquecida pela natureza. Pelas forças que estão ao nosso lado e muitas vezes nem damos bola. Não prestamos atenção na importância de agradecer ao vermos uma flor, um pássaro, o sol e a lua.

Fim da gira. Ponto da corrente de Akuan. Um pássaro sobrevoa a Pedreira. É a benção e a alegria do Fernandão. Do extraordinário Caboclo Akuan. É a benção final do planeta aos homens e mulheres de bem. À Umbanda! Ao amor!

Saravá, minha Umbanda. Saravá Mãe Lucília. Saravá, Pai Fernando.

P.S.: Mãe Lucília, continue com suas loucuras. Confio de olhos fechados e coração aberto!

Rodrigo Fornos
Gira de Quinta Feira

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