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Mais um de Ogan Kaian

Pai Fernandoooo!
quero agradecer, de novo, pela umbanda ter acontecido na minha vida.
ontem foi uma experiência inexplicável! e talvez, mais inexplicável ainda porque é óbvio: sou médium, cavalo de umbanda, estou lá para servir à alma que for. seja uma alma em busca do bem, do mal, seja espírito evoluído, de criança, de preto, de exu, de caboclo, seja aquele espírito que ainda tem muito que aprender.
mas olha.
essa simplicidade toda, que se materializa pra mim toda vez que qualquer dúvida aparece, ontem foi essencial.
por diversas vezes questionei se eu era mesmo filha de Oxum, como primeiro orixá. porque Ogum sempre foi uma energia presente na minha vida! desde pequena! primeiro eu esperneava, depois tentava entender… mas enfim, depois de algum tempo de umbanda, não tenho dúvidas: Oxum é quem me rege, é no fundo a energia maior da minha vida. até pq, aprendi na prática que nem tudo a gente ganha no grito.
fiquei muito triste quando perdi o trabalho de Oxum, numa das segundas feiras que não pude ir ao tpm.
mas ontem… ah ontem foi surreal! há algum tempo, não sei se porque eu ando um pouco afastada, mas já havia sentido que a vibração de Ogum estava mais forte, mais densa.
uma outra vez inclusive, como ontem também, quando desencorporei não conseguia retomar meu ritmo de respiração, desencadeando uma pequena crise de asma.
mas enfim.
ontem a tarde, quando fui separar o material da gira, já senti que a energia estava muito forte, tanto de exu como de Ogum.
e não é a primeira vez, mas o ponto do seu Ogan Kaian me martelou bastante. fiquei pensando nas 2 únicas vezes que vi ele incorporado, no lolô ou na tati, e pensava: deve ser uma energia muito forte.
e fiquei divagando. sobre umbanda, oguns, atabaques, seu Ogan Kaian.
é inegável a importância da música na umbanda. a força mecânica, física que bate no couro e que vira um deslocamento de ar ressoante, reverberando na madeira e virando som. diversas vezes, quando sinto qualquer dificuldade pra incorporar, imagino os atabaques tocando entre meus olhos, no terceiro olho. assim consigo vibrar naquela mesma energia e incorporar.
e ontem, quando sr Tranca Ruas começou com o ponto de Ogum, apesar de não entender direito como estava chamando ogum na gira de esquerda, senti um impulso forte, intenso, que não me deu tempo para pensar se podia ou não. eu sabia que era uma energia familiar, tanto que não ofereci resistência. primeiro achei que era alguma alma, depois seu Omulu… mas levei um certo tempo para entender que era seu Ogan Kaian.
eu só pensava assim: ” meu deus, deve ser alguma coisa muito importante, pra me deixarem pisar nas capas dos exus assim…” heehehe
então.
fiquei muito emocionada, durante, depois. e ainda hoje.
não sei nem mais por que estou escrevendo esse email.
mas sei que ontem aprendi, de novo, duas coisas:
1. a música é som, e som é movimento. a vida é movimento. não é possível viver sem vibrar, não é possível respirar sem vibrar. tudo em nós vibra, seja fisicamente, pelo sanque que corre o corpo todo, seja, nossos sentimentos, sejam nossas convicções. tudo aquilo que é sólido, imóvel, não presta. porque se algum dia se chocar, não há dobra: há uma rachadura, uma cicatriz que sempre será aparente. aquilo que vibra, se expande e se retrai, ao sabor do que vai acontecendo no meio do caminho.
ontem, meu ventre, meu útero vibrava. era isso que eu sentia! e de lá vinha o movimento, vinha a vida da umbanda toda. e quando ele foi embora, a dor que eu sentia ali era imensa, muito forte. mas que era ao mesmo tempo dor e felicidade. apesar de mal conseguir ficar de pé, tamanha a energia desse Ogum, sabia que a umbanda inteira vibrava no meu corpo. no ventre de uma filha de Oxum.
2. do mesmo jeito, deve ser a fé (e o amor, e a saudade, e todos os sentimentos): flexível, maleável, argila fresca.
e isso me lembra uma passagem do livro do érico veríssimo, incidente em antares. o padre (que eu não lembro o nome) explica a fé: deve ser feita como um fio do aço mais fino e resistente, para que possa sempre se dobrar e desdobrar, pender, torcer, mas que nunca arrebende com o primeiro choque.
obrigada Pai Fernando, mais uma vez!
beijos
Ana
GIra de Segunda-feira

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