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Grupo de estudos Pai Maneco

“Ponto Riscado – Um traçado pela história”

Neste ano o Grupo de Estudos do Terreiro Pai Maneco, a pedido da Mãe Lucília, está desenvolvendo uma pesquisa sobre Pontos Riscados.
Ponto riscado ou traçado, traçado em nossas vidas, o que nos guia por um mundo a desvendar.

O risco e o traço nos acompanham desde os tempos mais ínfimos de nossa infância, um papel, um lápis, uma parede, o chão ou até mesmo a areia nos estimulam a riscar, a traçar linhas muitas vezes desconexas, sem sentido ou até mesmo lúdicas de acordo com nosso parco conhecimento e entendimento das coisas da vida, do mundo e da história.

Talvez a grande pergunta esteja no por que e a resposta em nosso intimo, desvendando o oculto, aquilo que só mais tarde entenderemos como um caminho pré-determinado, ao qual cada um e à sua maneira há de conhecer, compreender e desenvolver, pois está ao alcance de todos.

Reflitamos:

Os riscos, traços, desenhos e/ou pontos riscados estão na história da humanidade, seja em pedra, na areia, no ar e ou nas tábuas dos antecessores do cristianismo. Tudo na história do homem esteve gravado de uma forma ou outra. Mas por que sempre riscado ou traçado?
Refletir, parar e pensar faz parte de nosso estudo, pois através destes passos podemos abrir novos horizontes sobre o tema proposto, nós na condição de ouvintes dos ensinamentos deixados pelo Pai Fernando de Ogum, Mãe Lucilia de Iemanjá e todos os demais pais e mães de santo que orientam nossas giras, buscamos conhecimentos de relatos trazidos por inúmeros estudos antropológicos e arqueológicos além de entrevistas com estudiosos do assunto, como o Sr. Glauco Souza Lobo, que de forma muito cortês nos trouxe seu conhecimento e estudo sobre o ponto riscado. Abordando o tema sobre diversos ângulos desde a ancestralidade, as nações africanas, o candomblé e a umbanda, bem como os elementos que compõem os pontos riscados em todas estas vertentes.

São inúmeros os relatos de estudos feitos por arqueólogos sobre os hieróglifos, onde estão registrados não somente a história da civilização mas detalhes dos cultos aos deuses e, posteriormente, nos tempos de Nefertiti o culto a um Deus Supremo e a outros que corresponderiam a segmentos próprios como colheita , fertilidade, prosperidade e etc.

Nestes tempos os templos eram os locais sagrados, e mesmo com cada ‘deus’ possuindo seu templo sagrado há registros que os sacerdotes ou ‘homens do templo’ entalhavam pedras para que fossem levadas às residências e colocadas em altares próprios, cultuadas e à frente delas disporem oferendas de acordo com o intuito a ser alcançado. (Fonte: Nefertiti – Sacerdotisa, Deusa e Faraó – Historiadora Anna Cristina Ferreira de Souza formada pela UERJ Pós Graduada em História e Cultura Antiga – Ed. Madras)

Na era pré cristianismo, em relatos bíblicos ou mesmo antropológicos as oferendas eram sempre cercadas por ritos nos quais há inúmeros relatos e fatos que nos indicam que para cada um deles algo era escrito ou transcrito do aprendizado adquirido através dos tempos ou dos ensinamentos passados de pai para filho, mas sempre riscados à frente destas oferendas.

As nações africanas usam o ponto riscado não somente em seus cultos, utilizam da “escrita dos deuses” também em seu dia a dia, aonde estejam param tudo para fazer seu ‘ponto riscado’ buscando atrair energias positivas, afastar o mal, buscar prosperidade ou afastar enfermidades. O ponto é uma forma de buscar e atrair energias espirituais, não somente um elemento de trabalho, mas sim uma forma de ligar o mundo material com o espiritual através de uma escrita que representa essas energias.

Em nossa religião sabemos que os pontos riscados são e estão preparados para atender as necessidades dos nossos guias que se utilizam dos mesmos para realizar seus trabalhos espirituais no atendimento dos consulentes, trabalhos específicos de cura, desobsessão, chamamento de linhas de trabalho, entre outras.

No princípio da umbanda esses pontos eram riscados no chão dos terreiros obedecendo a determinação do dirigente do trabalho, regras da casa ou determinação de uma linha de trabalho específica para um médium. Com o passar do tempo passou-se a riscar nas tábuas com o objetivo de otimizar o trabalho, limpeza do terreiro ou até mesmo para facilitar o descarrego no término da gira.

Além dos traços riscados pelas entidades criarem um campo energético de trabalho, nele também constam elementos que indicam a linha de trabalho daquela entidade, objetivos do trabalho a ser realizado, entre outras coisas, dessa forma é possível através do ponto reconhecer as entidades. Assim sendo, a cada trabalho (gira) que uma entidade risca seu ponto no toco, forma-se à sua volta um campo energético apropriado para o trabalho a ser realizado emanando energias e vibrações propícias para o bom andamento das atividades. Importante salientar que o ponto riscado não é somente parte importante para a entidade ou trabalho, mas também para o médium, cambone e consulente em busca de seu objetivo. É preciso estar ciente que um ponto não é estático, de acordo com a necessidade do trabalho daquela gira, a entidade pode incorporar novos elementos ao ponto e que essas alterações devem sempre ser respeitadas e informadas à hierarquia, pois é algo que acontece de forma não aleatória.

O maior objetivo desse trabalho, que ainda não está concluído, é apresentar aos médiuns da casa um material que amplie seu conhecimento sobre ponto riscado. Não queremos apresentar pontos e/ou explicar cada elemento, isso seria impossível, pois os elementos registrados num ponto dependem não somente da ‘assinatura’ da entidade, mas também do trabalho que será realizado naquela gira, história da própria entidade, linha de trabalho, entre outros fatores.

Para finalizar esse texto, queremos colocar aqui duas observações de Pai Fernando, que nos servem muito bem de lição não somente para o trabalho que estamos realizando, mas para nosso dia a dia dentro do terreiro e prática mediúnica:

“Ponto riscado é feito com pemba em cima de uma tábua e não em sonhos” (Comentário da Semana 14)
“O leitor encontrará pontos riscados diferentes, para entidades de nomes idênticos.” (Gilton G. Santos – Minha Opinião Ago/2011)
A
umbanda é um mundo a ser desvendado, tempo a tempo para cada um de nós de acordo com nosso conhecimento, estudo e preparo. Para tanto é fundamental o conhecimento daqueles que nos acompanham em nosso desenvolvimento e aprendizado.

Grupo de Estudos Pai Maneco
Ana Paula Torquatto, Denise Freitas de Oliveira, Edison Santana Junior, Eliezer Manoel de Souza Junior, Flávia Schmidt, Franciele Schmidt, Izabel Cristina dos Santos, Jairton Canhola, Leonardo Macharette , Nelson Minku, Rodrigo Dalraz.

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