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Há muito tempo atrás, quando ia com a mãe…

por George

Há muito tempo atrás, quando ia com a mãe (que vinha de uma família umbandista de Porto Alegre-RS), meu Pai, minha irmã principalmente, e às vezes minha vó, assistíamos as giras do Pai Fernando que era ao lado da faculdade espirita, somente na segunda, único dia do Terreiro (salvo engano, quarta-feira era a gira de desenvolvimento/aulas teóricas), lá íamos nós. Dentro, o tamanho era de uma de sala de aula, com bancos de madeiras. Pareciam os bancos que ficam nas paredes do Terreiro hoje. A casa, era do tamanho de uma capelinha/igrejinha.

Lembro da Mãe Ritinha, com um pequeno rabo de cavalo. Ela era loira, bem loira e incorporava o Ere Tião (posso estar errado quanto aos nomes, pois tinha mais ou menos 14 anos – faz tempo). Havia também um senhor que ficava na porta, parecia até o irmão mais velho do Marreco. Certo dia, perguntei a ele como fazia pra entrar no Terreiro (de branco), já que me chamava atenção a engoma.
Então, ele respondeu: “Você sente vibração?”. Perguntei: “Vibração?”. “Não sinto nada” falei, e ele fez uma expressão que deu a entender: “Então não dá”. Cai na risada. Na verdade me lembro muito pouco o que ele disse, mas não era tão fácil e não entrava qualquer pessoa (no bom sentido com relação ao modismo religioso). Entrava quem tinha ou sentia vibração, se realmente tivesse muita vontade e já fizesse parte da vida a Umbanda, nunca mais fui atrás.

Mas, nessas idas lembro-me que era muito bom ir. A assistência de hoje não é nada parecida de que como era antes, pois participávamos de perto, muito perto e não havia tantas pessoas. Certa vez, ao lado do meu pai, ouvi ele fazer uma pergunta para uma entidade incorporada na Mãe Rita: “As coisas não vão muito bem, será que vão melhorar?”.
A entidade respondeu: “Não, as coisas vão ficar bem difíceis!”. Lembro muito bem do olhar dele. Fomos embora e depois, com o passar do tempo, ficamos sem ir por alguns motivos, mais ou menos 10 anos. Eu, uns 15 anos por achar que a Umbanda na época tinha alguma culpa de não poder ajudar.

Um dia voltei a ir ver uma gira novamente, o terreiro já se encontrava no Santa Cândida. Eu passando uma adolescência dificílima, em que até alguns jovens da idade que eu tinha na época não conseguem mais voltar. Meu pai faleceu nesse meio tempo, e tudo piorou ainda mais. Para mim e para a minha família.

Então, fui para gira e voltei a frequentar normalmente, já fazia parte da assistência, e foi em uma consulta (da qual até hoje me assusta e me surpreende) que mudou o rumo que estávamos indo.

A entidade só pode dizer porque, segundo ela: “Oia, acho q teu pai soprou aqui do meu lado”. Materialmente falando, eu tinha que passar o recado a mãe, que me fez decidir de vez entrar, mesmo porque todos da minha família já não tinham resistido a entrada!
Fui aceito e dois anos depois, ou um pouco menos, tive a sorte de mudar meu dia para a Sexta-feira, sonhando em ser um OGAN, anseio que vinha desde muito tempo atrás. E mais uma vez fui aceito pela nossa Mãe, e depois de alguns anos fui cruzado Ogan!
O Pai Maneco é a minha casa, a Umbanda é minha religião e minha Mãe de Santo é a minha Mãe de Santo hoje e para sempre!
Pode-se dizer que passei por três gerações ou grupos diferentes na engoma e não desisto! Amo o que faço e no que eu acredito. Além da religião, que faz parte do meu dia-a-dia, devo muito ao Pai Maneco, ao Pai Fernando e a minha Mãe de Santo, que sempre confiou em mim, mesmos nos deslizes da vida.

A vida é como uma escola dentro de uma sala de aula e algumas matérias a gente tem dificuldade, algumas vezes reprovamos por falta de interesse, mas se persistimos, os erros passados são superados para os acertos futuros! Nota dez é difícil, mas é sé estudar e ficar na media que a gente passa de ano.

Dedico esse texto a minha Mãe de Santo Ritinha de Oxum, que me deu a oportunidade junto ao TPM, em poder fazer parte da Gira de Sexta-Feira e de confiar a mim a Guia de Ogan!

E em especial ao Pai Fernando de Ogum, pois posso dizer que fui um dos privilegiados em conhecê-lo e acreditar no trabalho do qual ele realiza e ao legado deixado de ensinamentos até hoje e sempre.

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