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Gira dos Caboclos recebe visita do povo Yawanawá

Vieram a Curitiba para transmitir conhecimentos da medicina espiritual do Povo Yawanawá ao Grupo Curitibano de Estudantes, Xina Kene Shuví, que, também, significa: um novo pensamento; uma nova criação. Kene, significa: todas as cores com as quais a realidade é feita e, Xina, significa: pensamento, idéia; disse o professor da tribo, Nane Yawa , que, é o contador de histórias. Aquele que domina a fala. Nane, é o Guardião das Histórias do seu povo, o qual está sendo preparado para ser um pajé do povo Yawanawá!

Quem esteve presente nesta Gira de Caboclos, pode ouvir e recebeu as palavras de poder da língua nativa e, pode ver e sentir a força do rito de cura que Nane Yawa, e, a anciã Tsaka, senhora das ervas sagradas, passou ao nosso Pai Fernando para todos os integrantes do Terreiro. Tsaka é filha do pajé da tribo; o mais velho dos membros, com 98 anos.

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Na opinião dos jovens estudantes universitários, integrantes do Grupo Xina Kene, o mais importante foi vivenciar o Amor, o Trabalho Físico e Espiritual, a Humildade com Alegria no ato de ensinar as tradições cerimoniais do Povo Yawanawá. Alegria e Força que vem com as musicas! Canções e Danças Sagradas do Povo Antigo.

Tsaka, Alda e, Kasicãni, Elzilene, conhecem mais de 400 plantas e suas propriedades. Acreditam que as doenças são causadas por espíritos maus! Porém, para as doenças dos males brancos; eles usam a medicina do branco!… Tudo que existe tem espírito encantado; bom e ruim! Só o Pajé e a Anciã Dona das Ervas podem saber!…para tratar e Curar, depende de todos!

Irmãs e Irmãos, aguardem, estaremos recebendo outras visitas dos povos indígenas brasileiros para conhecer um pouco dos seus costumes e tradições.  Segue alguns trechos que encontrei sobre o Povo Yawanawá!

Agora o Povo Yawanawá estará na Floresta rezando e cantando com o Povo do Terreiro”,disse Nane

Desde os tempos imemoriais, os Yawanawá o povo da queixada ocupam as cabeceiras do rio Gregório, afluente do rio Juruá, geograficamente pertencente ao município de Tarauacá, Acre.

Sua população atual é de 636 pessoas e pertence ao tronco lingüístico Pano. As famílias estão distribuídas nas comunidades Novas Esperança, Mutum, Escondido, Tibúrcio e Matrinxã.

As comunidades são formadas pelas famílias Yawanawá, Arara, Kãmãnawa (povo da onça), Iskunawa (povo do japó), Ushunawa (povo da cor branca), Shanenawa (povo do pássaro azul), Rununawa (povo da cobra) e Kaxinawá (povo do morcego). Os primeiros relatórios organizados pela FUNAI não apresentavam a existência do povo Yawanawá e nem de outras famílias. Mostravam apenas a existência das famílias Katukina. Somente no segundo relatório feito pela equipe da CPI/AC, em 1984, consta a existência do povo Yawanawá. A língua predominante nas aldeias é o português.

A língua Yawanawá, é falada apenas pelos anciões e alguns jovens da aldeia. Nas comunidades Tibúrcio e Escondido é falada a língua Kãmãnawa (Katukina) e Yawanawá. Na terra indígena tem uma comunidade reconhecida como Katukina que é falante somente da língua Kãmãnawa. Yawanawá Conceito de “yuxin” na cosmologia Yawanáwa.

Para os Yawanáwa, a maioria dos seres com os quais compartilham seu universo – animais, plantas e outros homens -, assim como muitos elementos da natureza – as pedras, por exemplo -, os acidentes geográficos – rios, barrancos e florestas – e fenômenos meteorológicos – trovões e relâmpagos – têm, além de seu aspecto corporal ou físico, outro, que é associado ao yuxin. Yuxin é o conceito polissêmico e complexo, central nas cosmologias Páno em geral (Carneiro,1964; Lagrou 1998; Townsley, 1988) e que podemos definir em função de duas questões. Em primeiro lugar, o yuxin é força vital que permeia todos os seres e os dota de características próprias. É importante fazer notar que as substâncias corporais – em especial, o sangue – são portadores de yuxin. Nesta acepção, yuxin é princípio espiritual sem vontade marcada. No entanto, a noção refere-se também a diversos tipos de seres não mais indefinidos ou impessoais, como o princípio vital, mas personificados. Assim, na segunda acepção, yuxin designa os seres espirituais que conformam, junto com o corpo, a pessoa – huru yuxin ou yuxin dos olhos; nia vaka ou sombra; nisu yuxin ou yuxin da urina -; os espíritos dos mortos que habitam o céu; os entes dos diversos elementos da natureza (meshkiti yuxin ou yuxin da pedra; waka yuxin ou yuxin da água; nii yuxin ou yuxin da mata etc.); e, por fim, os representantes de certas espécies animais, os yuxinhu.

Os homens são formados por vários componentes de diferente natureza, ligados de talforma que o que acontece a algum deles influi irremediavelmente nos outros. A visão que os Yawanáwa têm a respeito da pessoa e, em geral, acerca da realidade, é holística. Neste sentido, o corpo não é exclusivamente matéria: é matéria sempre permeada e animada de yuxin. Outros autores que trabalharam com sociedades amazônicas constataram esta estreita relação entre corpo e entes espirituais na concepção émica da pessoa e destacaram a importância de seu estudo para que se possa aprofundar a própria idéia de doença em um marco de tradição xamânica (Chaumeil, 1983; McCallum, 1998; Pollock, 1996)

O que importa ressaltar a esse respeito é que entre o âmbito do corporal e aquele referido ao yuxin existe comunicação e interação contínua: o que acontece em um deles, tem sempre conseqüências e efeitos no outro. Os homens vivos experimentam o aspecto yuxin da realidade de diversas formas. A mais cotidiana e normal acontece durante o sonho. Os Yawanáwa consideram que, quando a pessoa dorme, seu huru yuxin sai do corpo e vaga pelo mundo afora, encontrando-se com os huru yuxin de outras pessoas e com outros entes. Os sonhos são, portanto, as vivências do huru yuxin fora do corpo, e o que quer que aconteça durante a experiência onírica, repercute irremediavelmente na pessoa como um todo. De fato, os sonhos de um doente são os elementos nos quais o xinaya se baseia para diagnosticar a doença, porque, através deles, pode saber quem e como agrediu seu paciente.

Os especialistas na prática xamânica adquirem conhecimento aprofundado quanto a esse aspecto yuxin mediante visões induzidas por certas substâncias alucinógenas. No entanto, as pessoas percebem, em geral, e experimentam o âmbito do yuxin que se manifesta de inúmeras maneiras no decorrer da vida cotidiana, como, por exemplo, se alguém cai de forma absurda, é porque foi empurrado por um yuxin; quando paus e ossos caem inexplicavelmente, provocando barulho, trata-se do espectro de algum parente recentemente falecido, que não se conforma com sua sorte e incomoda os vivos. Da mesma forma, não é incomum o registro de depoimentos de pessoas que tiveram encontros com o yuxin de um parente morto ou com outros tipos de seres que moram na floresta. As doenças são provavelmente as manifestações mais repercutentes da ação e da influência dos yuxin na vida dos homens, por considerar-se freqüentemente que estes seres são os causadores de muitas doenças. É significativo, a este respeito, que várias doenças relacionadas com a quebra de tabus sejam denominadas “vingança de yuxin” (yuxin kupia) (Pérez, 1999).

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