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Oxalá na Visão da Mãe de Santo Iassan Ayporê Pery

Estudo e entrevistas no Terreiro do Pai Maneco

Em seu livro Umbanda – Mitos e Realidades, a Mãe de Santo Iassan Ayporê Pery, Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery, destaca que na Umbanda não há incorporação de Orixá, portanto, inexiste incorporação de Oxalá, “em primeiro lugar é preciso compreender que com a “criação” da Umbanda, como forma de culto, houve uma condensação e absorção de vários Orixás. O que podemos observar é que um dos objetivos da Umbanda é a simplicidade, tanto de culto quanto de rito. A compreensão básica de Orixá na Umbanda é de um complexo de energias, manifestado na terra através da força da natureza criada por Deus.

A Umbanda cultua um único Deus, logo é monoteísta e os Orixás não são divindades ou semideuses, mas sim, complexos vibratórios e energéticos, criados e emanados do Astral Superior, traduzidos aqui na Terra, como energias que emanam da natureza, as quais manipulamos para o nosso próprio equilíbrio, buscando evolução espiritual através da caridade direta.

Por isso é que na Umbanda não se incorpora os Orixás, mas sim seus enviados ou representantes (alguns chamam de falangeiros). Espíritos que mantêm forte ligação missionária e fluídica com a força original com a qual está ligado. Esses enviados de Orixá é que incorporam nas sessões ou giras de Umbanda.

Cada Orixá tem como representante uma força ou um reino da natureza específico e consequentemente com objetivos específicos para sua atuação aqui na terra, e como a natureza, trabalham em absoluta e total harmonia entre si. Desdobramse, confundem-se, transformam-se e conjugam-se de maneiras harmoniosamente simples e ao mesmo tempo complexas.

A origem das sete forças da natureza vem da fusão dos quatro elementos básicos: água, fogo, terra e ar. Podemos entender melhor esta fusão, quando de forma análoga nos reportamos às cores primárias: azul, vermelho e amarelo, que com o preto e o branco dão origem as demais cores.

Por exemplo: a cor azul representa o elemento água e a cor amarela o elemento ar. A mistura dessas duas cores forma a cor verde. A água conjugada ao ar é fertilizante indispensável, à formação, manutenção e expansão das matas (verde).

Assim, relacionando-se isto aos Orixás, temos: Oxum – azul; Iansã – amarelo e Oxoce – verde. Para que a mata de Oxoce seja formada precisamos das águas fertilizadoras de Oxum e para que ela se expanda, precisamos do ar de Iansã.

Não incluímos Oxalá na relação de Orixás Básicos por considerá-lo acima dos demais Orixás e por considerá-lo a conjugação de todos os demais Orixás, energia primeira e original emanada de Zambi ou Olorum, O Criador de Todas as Coisas, portanto Oxalá não é Orixá Básico, consequentemente não é regente de Ori (coroa) de médium nenhum na Umbanda, todos somos Filhos de Oxalá. Além do mais estamos falando em manifestações em nível de terreiro, ou seja, em nível de incorporação e na Umbanda ninguém incorpora Oxalá. Alguns se referem a Ele como Orixá Maior.”

O amalá. Mãe Iassan Ayporê Pery, ressalta ser contra o uso excessivo desse recurso como elemento de religação. Vez que a oferenda tem sua função específica e determinada. A banalização da mesma influencia negativamente no desenvolvimento do médium e na evolução do espírito (guia ou protetor) que a está recebendo: “Na realidade desestimulamos tudo que seja excessivo. No caso das oferendas, existem consequências de ambos os lados, material e espiritual.

Do lado material:

a) O custo dos elementos da oferenda (muitas pessoas chegam a deixar de comer, ou até mesmo, permitem que falte alguma coisa dentro de sua casa para comprar os elementos da oferenda).

b) Estímulo a barganha espiritual, ou seja, o ofertante acredita que oferendando alguma coisa poderá obter privilégios junto a espiritualidade.

c) Estímulo a preguiça espiritual no sentido da evolução, ou seja, o ofertante começa a acreditar que a oferenda substitui o seu empenho em melhorar enquanto pessoa, geralmente com a famosa frase: “Eu cuido do meu santo, já arriei minhas coisinhas”.

Do lado espiritual:

a) Pela pessoa somente se interligar com a espiritualidade através da oferenda, as entidades receptoras começam a pedir cada vez mais oferendas com o intuito de estarem sempre próximas da pessoa, pois sabemos que para que haja aproximação da entidade é necessário que haja sintonia de pensamentos e sentimentos. Quando fazemos
uma oferenda, geralmente elevamos a nossa faixa vibracional e nos harmonizamos com a entidade. Isso faz com que comece a haver uma espécie de “vício” ou “ciclo vicioso”, onde entidade e pessoa começam a precisar da oferenda para se comunicarem.

b) Disso surgem pedidos cada vez mais frequentes impedindo a evolução da pessoa e da entidade que começa a ver na oferenda a única forma de contato com a pessoa ofertante. O nosso objetivo no Centro Espiritualista Caboclo Pery (CECP) é orientar que a oferenda deva vir apenas como uma representação material de agradecimento e não de comunicação com as entidades, que basicamente e de maneira geral não precisam de oferenda. Quanto menos evoluída a entidade e mais apegado a matéria for o médium, mais ambos “precisarão” de oferendas.


Grupo de Estudos Terreiro do Pai Maneco
Oxalá na Visão da Mãe de Santo Iassan Ayporê Pery
Estudo e entrevistas no Terreiro do Pai Maneco

DENISE FREITAS DE OLIVEIRA
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LEONARDO MACHARETTE

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