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Minha Opinião – Novembro de 2007

O Zélio de Moraes, incorporado com o Caboclo Sete Encruzilhadas anunciou que a Umbanda estava sendo criada “para que os espíritos dos pretos velhos africanos possam trabalhar em benefíci

Não quero discutir sobre religião. Essa relegação não deve ser entendida como desnecessária dentro da Umbanda, mas prefiro declinar seu estudo para falar dos seus objetivos. De um modo geral, havendo algumas exceções, os umbandistas se perdem dentro da pratica religiosa por absoluta falta da referência principal por ocasião da sua criação. Inegável que seus fundadores delinearam o perfil das entidades que trabalhariam dentro de seu corpo de ação. Os cascões dos espíritos dos caboclos, dos preto-velhos, das crianças e ainda daqueles que constituem a quimbanda é à base da Umbanda e eles incorporam nos médiuns disponíveis formando o seu exército espiritual. As suas casas espirituais foram chamadas de Terreiros, dentro deles foi revelada toda a estrutura para defender-se de seus inimigos, os chamados espíritos das trevas. Daí nasceu o congá, a segurança e a tronqueira. Foi recomendado o uso da tradicional roupa branca e ensinado o manejo dos elementos de magia, como o álcool, o fumo, a pemba, o ponto riscado e a musica. Foi, então, formada a base para as reuniões espirituais com as incorporações desses espíritos. E assim foi e ainda é feito.

Cada agrupamento espiritual tem seus objetivos bem esclarecidos. Uns vão em busca da felicidade divina, outros buscam a iluminação interna, outros querem cair nas graças de Jesus, mesmo que para isso tenham que apregoar a fidelidade de Deus. Isso tudo que digo não tem nenhum embasamento cultural. Apenas é assim que penso e sou.

E a Umbanda? O que buscam seus adeptos? Quando é que vamos começar a descortinar o misterioso véu que envolve a religião? Por que na Umbanda tudo tem que ser cheio de segredos? Por que os pais (ou mães)-de-santo têm que, diante de uma simples pergunta, esboçar um misterioso sorriso e asseverar:

são mirongas de conga, meu filho”.

Tudo que eu sabia eu sempre contei. E vou continuar contando.

Em busca dessa indagação “por que estou na Umbanda?”, aliás pergunta que atormenta muita gente, resolvi buscar a resposta. Dentro da minha religiosidade não estou buscando o céu nem a felicidade eterna, nem a iluminação interior. Todos dizem que Jesus me ama, então não preciso fazer nada para que isso aconteça e tento ser fiel a Deus sem exigir que ele me seja fiel. Isso tudo que estou dizendo não tem embasamento cultural. Tudo isso é fé. Fé que sempre tive e vou continuar tendo.

Das coisas que vou dizer adiante existe um monte de exceções. Vou relatar dando pinceladas nas convicções da maioria dos médiuns que se dedicam à Umbanda. Dizem que vão fazer caridade no terreiro. Para quem? Para a namorada que perdeu seu amor? Para o homem que ficou sem dinheiro, ou pataca – a moeda antiga de prata? Para curar as doenças físicas dos consulentes? Para afastar as amantes do marido? Para tirar inquilinos do apartamento mal alugado? E aí vai um monte de triviais problemas que compõem a base das consultas nos terreiros. Claro que por outro lado são resolvidos problemas de graves proporções. Mas enfim, não quero menosprezar a dificuldade dos outros, porque eu também as tenho em grande escala e proporções.

O Zélio de Moraes, incorporado com o Caboclo Sete Encruzilhadas anunciou que a Umbanda estava sendo criada “para que os espíritos dos pretos velhos africanos possam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social…” Muitos outros ensinamentos otimizaram as palavras simples do fundador da Umbanda. Nem poderia ser diferente, considerando que ele disse isso sentado em uma mesa dentro de um centro kardecista.

Fui excluindo os problemas para chegar a um resultado qualquer. Os pedidos triviais dentro dos terreiros encobrem um problema bem maior: a obsessão! A Umbanda é inigualável no encaminhamento dos espíritos desviados dos princípios da conscientização espiritual. Não só os espíritos maus que se aproximam dos encarnados são afastados, mas também são carinhosamente encaminhados ao astral superior os espíritos que não têm noção de seu desencarne e ainda ficam presos na matéria. Em síntese, a Umbanda foi criada também para ajudar o mundo invisível paralelo. Então os umbandistas que deixem de estudar só os caboclos, preto-velhos e crianças, e passem a observar melhor os espíritos que coabitam conosco a crosta desse planeta Terra.

Essa é a minha opinião!

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