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Minha Opinião – Maio 2010

Três são os tipos principais de música dentro da Umbanda que chamamos de pontos cantados: o individual, o de linha e o de sustentação.

Uma professora ensinou-me que a música existe para as pessoas se amarem. Acredito nisso, pois a suavidade da melodia envolve a emoção de quem a ouve, elevando suas vibrações espirituais.

Talvez seja por isso que existem os pontos cantados na Umbanda.

É difícil dizer e analisar o efeito mágico dos sons, principalmente como e quando eles atuam nas pessoas. Quem pode avaliar o poder do canto de ninar de uma mãe? E da força dos hinos marciais? Isso para não falar dos mantras dos sacerdotes do Tibet, os quais nunca ouvi, mas imagino.

Um espiritualista disse-me que quando existe uma copa do mundo a vibração dos torcedores cria um mantra fortíssimo e isso tem influência nos jogadores. É o som uníssono.

O samba já induz o ouvinte a ensaiar uns passos de alegria. Falsa, mas é alegria. E o sambista não deixa por menos: quando samba, pensa que é o maior dançarino que existe. Sua cara, sempre esboçando um sorriso mostra isso claramente.

Na capoeira é realmente contagiante o som dos pontos cantados sob o comando do berimbau e dos atabaques. Musica marcante e típica da luta nascida no Brasil. Nos pés dos negros escravos a dança criava uma poderosa arma contra os seus algozes. Quando ela era entoada, os escravos sentiam-se unidos. Então, até para brigar a musica é necessária.

A Umbanda sem musica fica pobre e fria. Eu não sou historiador e por isso não sei como ela foi introduzida dentro da nossa religião, mas sendo um dirigente tenho que conhecer como usá-la durante os rituais e quais os seus efeitos.

Três são os tipos principais de música dentro da Umbanda que chamamos de pontos cantados: o individual, o de linha e o de sustentação. Todas foram ditados diretamente pelas entidades. Se não foi ditada foi intuída.

O ponto individual é aquele que é entoado pedindo a presença de determinada entidade. O ponto de linha é aquele que cantamos para chamar linhas da Umbanda. Finalmente, o ponto de sustentação é aquele que se canta durante o desenrolar da gira.

Conhecendo-se essa tríade musical vamos chegar à inevitável verdade que a musica da Umbanda só pode ser cantada quando ela está adequada dentro da religião e no momento certo. Por isso ela não deve ser improvisada. O compositor quando cria uma musica faz questão de conservar o seu credito o que lhe dá direitos à fama e dinheiro. Até sociedades protetoras existem para policiar esse crédito. Mas se a musica na Umbanda foi composta pelos espíritos, quem cuida delas? É tarefa exclusiva dos dirigentes. A qualidade do tom musical dentro de um Terreiro cabe ao Pai ou Mãe de Santo policiar e determinar o que é certo e o que é errado. Eu faço isso, embora não seja um grande entendido no assunto.

Musica popular pode ser cantada em um Terreiro, como uma homenagem, uma sustentação da gira, mas nunca como mantra dos espíritos. Não vou discutir qual é a mais bem elaborada, se a popular ou a da religião. Uma é do povo e a outra é dos umbandistas. Não podem se misturar.

A grande realidade é que quando se canta durante o ritual um ponto de chamada da entidade, só ela pode se manifestar. Não adianta cantar para o Pai Joaquim e pensarmos que quem incorporou foi o Pai João. Cada um vem no seu ponto da Aruanda, lugar que eles ficam aguardando a chamada do mantra do Terreiro. Como sempre digo, se você cantar uma musica chamando o Diabo, não tenha duvida que ele virá. E como convidado.

Não conheço pessoalmente o Pai Carlos Buby, mas pelas suas musicas eu lhe devoto grande simpatia. Aliás, no começo do Terreiro do Pai Maneco copiamos todo o ritual de um seu disco de vinil “Abertura e Encerramento – 7 linhas da Umbanda”. Devo-lhe essa Carlos Buby.

Talvez se os dirigentes que conhecem a história dos pontos da Umbanda resolvessem ensinar por livros, sites, blogs e palestras, a nossa religião fosse melhor entendida.

Essa é a minha opinião!

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