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Minha Opinião – Maio 2008

Alguns dirigentes têm o péssimo hábito de dizer que são inconscientes durante a incorporação de seus guias apenas para não constranger os consulentes ao contarem seus problemas…

Desmistificar a Umbanda é uma necessidade premente. Os dirigentes devem entender que hoje os seguidores da religião são culturalmente exigentes e muitos desistiram das religiões tradicionais por repúdio à imposição dos seus dogmas. A negação ao direito de querer saber e exigir explicações faz parte do mundo moderno que vive interligado por satélites e aparelhos de tecnologia de ponta. Os pais e mães-de-santo têm a obrigação de mostrar uma Umbanda alegre, voltada só para o amor, sem usar energias densas em seus trabalhos, nada cobrar por seus serviços em favor do seu semelhante e descortinar esse véu místico de segredos. Eu vou cumprindo essa tarefa aos poucos. Hoje vou falar da consciência dos médiuns durante a incorporação.

Quando iniciei na Umbanda, durante uma gira de desenvolvimento, incorporei o Exu Tranca Ruas das Almas. Ele veio calmo, elegante e com uma postura de fidalgo. Isso me atrapalhou porque esperava que fosse diferente. No final, quando o grupo discutia a gira e seus desdobramentos e como não sabia ainda que o Exu Tranca Ruas das Almas é exatamente assim, não hesitei em dizer ao pai-de-santo que ia voltar ao kardecismo pela dificuldade de me adaptar às incorporações dos exus, pois não sabia me entortar, torcer as mãos e andar como animal. O pai-de-santo, demonstrando surpresa, cumprimentou-me pela coragem de dizer que eu era médium consciente. Afirmou que todos os presentes se diziam inconscientes. Olhei os quarenta e tantos companheiros na roda, todos de branco, olhando-me também surpresos. Bem, nesse momento os fatos posteriores não vêm ao caso. O importante foi que todos eles, de uma forma ou outra, “confessaram” que eram conscientes durante a incorporação, como se isso fosse um crime. A culpa é dos dirigentes que não explicaram ser isso comum.

A consciência tem sido um tabu para os médiuns iniciantes. Pelo fato de perceberem tudo em volta de si passam a crer que são eles e não o espírito o dono das ações. Ninguém pode deixar de considerar que mesmo o médium tendo um comportamento influenciado pelo seu mental, a energia do espírito comunicante está presente e tendo uma participação ativa. A preparação cultural e ética é muito importante para as comunicações fluírem até o ponto que ele verá que as palavras não são suas, mas vindas de uma força maior. Não se esqueçam que a verdade faz parte da ética.

Alguns dirigentes têm o péssimo hábito de dizer que são inconscientes durante a incorporação de seus guias apenas para não constranger os consulentes ao contarem seus problemas. Quando comecei no espiritismo o Hercílio Maes contava que era consciente e por isso ele tinha algum conhecimento da espiritualidade. Concluía sempre dizendo que se fosse inconsciente todos os ensinamentos do mestre Ramatis, do Nhô Quin e do inteligente Irmão Atanagildo seriam totalmente estranhos para ele.

Eu sempre fiz questão de dizer que sou médium consciente. Isso, entretanto, nunca inibiu ninguém de contar-me seus problemas. A verdade e a honestidade de guardar os segredos fazem a confiabilidade do médium.

Se você que está lendo esse texto tem o problema que acabo de relatar, não hesite em cobrar providências de seus dirigentes. Eles têm a obrigação de esclarecer a situação de cada um.

Essa é a minha opinião!

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