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Minha Opinião – Janeiro 2008

Acho que o sonho é livre e todos têm esse direito.

Neste ano o mundo da religião do Zélio de Moraes vai entrar em festa e a Umbanda será reverenciada por todos os seus adeptos. O motivo é que no dia 16 de Novembro vai completar cem anos de fundação. Antes de fazer parte do bloco da contagem regressiva, resolvi fazer uma reflexão na minha vida espiritual, uma vez que ela também está fazendo aniversário: cinqüenta anos dividida entre a linha kardecista e a dos Orixás.

Nesse período, o fato mais importante que me aconteceu foi eu ter me livrado do espiritismo codificado onde eu era vigiado, controlado e recriminado quando tentava fugir da mesmice dos seus ensinamentos, embora eu reconheça que foi onde eu mais aprendi a lidar com os espíritos. Exercer o direito de escolha na minha nova religião foi a benção que ganhei dos Orixás que fizeram questão de me ensinar, como a todos ensinam, o respeito pela diversidade da Umbanda, o que não me tira o direito de querer algumas mudanças. Como estamos no início do ano e todos fazem pedidos também vou fazê-los. Fiquem tranqüilos, que ninguém poderá alterar os seus rituais e a sua filosofia fundamental de amor e caridade e sua marca de liberdade ao não se subordinar a ninguém. Como sou teimoso e gosto de contrariar aqueles que anunciam minha morte, acho que nos próximos vinte cinco anos ainda vou estar encarnado só para ver se o meu pedido foi atendido não sei por quem.

Quero que seja assim:

  • Os médiuns não vão mais beber e fumar porque se conscientizaram que não precisam se embriagar para receberem os seus guias e protetores e que o fumo pode prejudicar pessoas doentes que freqüentam os terreiros. Os chefes de terreiro vão continuar sendo chamados de Mãe e Pai-de-santo. Em respeito à vida ninguém mais vai fazer trabalhos matando pombos, frangos, bodes ou qualquer outro bicho. Para ganhar dinheiro, ao invés de cobrar por seus trabalhos de caridade, vão exercer uma profissão qualquer que lhes dê o direito à assistência social.
  • Todos vão descobrir que o Exu é o espírito de um homem gentil e a Pomba-gira não é prostituta. Nas engomas musicais os terreiros vão exigir mais refinamento tanto no uso de instrumentos como no canto e o samba vai ser enaltecido. Os médiuns não terão mais medo dos pais-de-santo porque eles se tornarão humildes. Vai ficar no ar uma preocupação com a possibilidade da extinção dos cemitérios considerando que as prefeituras vão resolver incentivar as cremações a baixo custo. As entregas e pedidos nesses locais estarão ameaçados.
  • Os dirigentes vão aceitar nos terreiros as incorporações dos espíritos familiares dos médiuns nem que para isso tenha que ser criada uma linha especial. Os kardecistas vão reconhecer os espíritos da Umbanda como entidades de luz. E finalmente, depois de subir significativamente nas pesquisas, a Umbanda vai ser reconhecida como religião autenticamente brasileira. As autoridades até lançarão um selo comemorativo tendo como símbolo a figura de Jorge, o matador de dragões, que depois de ter tido seu título de “santo” cassado pela Igreja Católica, passou a ser a bandeira oficial da Umbanda.

Acho que o sonho é livre e todos têm esse direito”.

Essa é a minha opinião!

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