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COMENTÁRIO DA SEMANA 3 – PAI FERNANDO

Faz muito tempo que eu faço o desenvolvimento mediúnico das pessoas que querem fazer parte de uma corrente espiritual.

Durante o período do espiritismo tradicional – foram vinte e cinco anos, já vi e assisti todo o tipo de médium, desde aquele simplório que se entrega ao espírito sem nada questionar, ao prepotente homem da cultura que se inibe e perde a naturalidade quando o espírito lhe toma o corpo. Na Umbanda o médium em desenvolvimento difere desses que mencionei. Enquanto um anuncia uma mensagem rebuscada e cheia de espiritualidade, mas não precisa se identificar, o outro na Umbanda não tem chance de abrir a boca e muito menos de ser ouvido. Não fosse só isso ainda tem que riscar um ponto correto e incorporar dentro das exigências da Casa que freqüenta. É difícil desenvolver a mediunidade. O dirigente tem que ter muito cuidado e demonstrar muita humildade ao lidar com os médiuns novos. Não sei como todos fazem, mas posso dizer como eu faço. Considero-me um joalheiro manipulando um brilhante bruto, sabendo que um erro, por menor que seja, pode quebrá-lo em mil pedaços.

Gosto de observar o médium novo deixando-o durante um tempo fazer o que quiser no Terreiro – claro, dentro de um limite razoável, para então depois eu traçar um esquema para seu desenvolvimento. São vários tipos de médiuns que diferem cultural e mediunicamente. Já expliquei que costumo lidar com cada médium de acordo com a sua capacidade e potencial. Deve ser ressaltado que os médiuns novos estão misturados com os médiuns já treinados e fazendo parte dos trabalhos do Terreiro, onde espíritos às vezes até de alta periculosidade são enfrentados e encaminhados. Não dá para abrir a guarda com esse tipo de espírito. Esse fato deve ser bem entendido, porque os médiuns desenvolvem suas mediunidades enfrentando o baixo astral. Pode parecer estranho, mas gosto de recomendar aos médiuns em desenvolvimento que leiam inicialmente os livros da linha do kardecismo para entenderem como se portam os espíritos inimigos do bem. Em todo caso vou deixar algumas orientações aos médiuns:

  • Momentos antes da gira fazer uma reflexão intima para harmonizar seus pensamentos;
  • Tomar banhos com as ervas de seu Orixá. Vez ou outra que não for possível esses cuidados não significa que não possam trabalhar normalmente na gira. Essas medidas são auxiliares.
  • A disposição íntima deve ser alegre e determinada a se entregar integralmente ao trabalho.
  • Não se esquecer que está se desenvolvendo por sua própria vontade, por essa razão não lhe cabe o direito de reclamar das incorporações.
  • Seja espontâneo e não se preocupe com sua consciência.
  • Confie nas orientações que lhes são passadas pela direção do Terreiro.
  • Não fique observando o seu companheiro de gira e muito menos pensando em criticas.
  • Umbanda é movimento e canto, por isso todo médium deve estar com o corpo em movimento ao som da musica e integrado aos pontos que são cantados;
  • Tenha a certeza que ninguém vai olhar as suas incorporações.

Para lembrá-los, o desenvolvimento da mediunidade nunca termina. Por mais experiente que seja, sempre tem alguma coisa a prender. Isso acontece comigo diariamente.

Pai Fernando Guimarães

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