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Patrimônio Imaterial da Umbanda 2

Finalizando a pesquisa do Grupo de Estudos sobre Patrimônio Imaterial da Umbanda, nessa edição falaremos sobre os elementos culturais que percebemos auditivamente e que podem ser inseridos num inventário de Patrimônio Imaterial na Umbanda do Terreiro do Pai Maneco.

As Atabaques
O conjunto de atabaques no terreiro é um ‘trio’ com denominação RUM (grave), RUMPI (médio), LÉ (agudo), cada atabaque tem um toque e uma obrigação diferente. No atabaque grave, normalmente toca o Ogã responsável pelos trabalhos, nesse caso, àquele que conhece melhor os trabalhos da casa. Como são instrumentos com sons diferentes, cabe a cada Ogã, respeitar o atabaque que está tocando no momento, incluindo seus tempos e contratempos de acordo com o trabalho que está sendo realizado no meio.
Os atabaques são instrumentos sagrados, em conjunto com os pontos cantados, tornam-se o elo entre o mundo material e espiritual. Portanto devemos tratá-los com todo respeito, sem debruçar-se ou descansar sobre os mesmos.
Para tocar o atabaque, basta se posicionar corretamente, porque assim passará a tocar o atabaque e não bater no atabaque, não é preciso ter força para tocar, mas sim tocar com jeito e leveza para movimentar uma boa energia dentro do terreiro.

Curimba
É o nome que damos para o grupo responsável pelos toques e cantos sagrados. Os pontos cantados junto do toque dos atabaques, são de suma importância no decorrer da gira e por isso devem ser bem fundamentados, esclarecidos e entendidos por todos.
As funções dos pontos cantados podem ser para sustentação do ritual, firmeza, chamada de entidades, ou seja, eles ‘marcam’ todas as partes do ritual. Além disso, os cantos e toques ajudam na concentração do médium envolvendo suas mentes e não deixando que se desviem do propósito do trabalho espiritual.
Na parte espiritual os cantos quando vibrados de coração, facilitam a sintonia com o mundo espiritual. As ondas energéticas / sonoras emitidas pela curimba ajudam a dissolver pensamentos negativos, energias pesadas.
A curimba se transforma num polo irradiador de energias, potencializando as vibrações e trabalho dos Orixás.

Pau de Chuva
São idiofones presentes na música indígena do Brasil ou instrumento da tradição indígena brasileira. Consiste em um tubo de madeira ou de palha trançada muito longo e estreito, em cujo interior são colocadas pequenas sementes ou arroz. Ao se inclinar o tubo, o som lembra o ruído da chuva, razão pela qual os índios atribuem ao instrumento poderes de atraí-la, para irrigação das plantações

Chocalho
Termo derivado do latim ‘choca’ (= chocalho grande), encontrado desde o século XIII, derivado do latim tardio “clocca” = (“sino”), originando o verbo “chocalhar” e o variante “chacoalhar”.
Indica qualquer tipo de instrumento cuja produção sonora é feita por meio do ato de sacudir ou agitar. Em todo o mundo os “chocalhos” estão associados, em sua origem, a cultos religiosos, cerimônias e rituais mágicos. Servem pra ‘chamar a atenção’ dos bons espíritos ou afastar os maus. Os árabes prendem “chocalhos” metálicos na roupa das crianças para afastar a febre, os pajés indígenas os agitam em cerimônias de purificação, etc.
De forma geral, os indígenas e comunidades arcaicas usam apenas um instrumento, considerado sagrado pela tribo, com poder purificador e protetor. Na música popular é utilizado em par (como as “maracas”). Os “chocalhos” podem ser subdivididos em:

  1. Internos, quando os objetos entrechocados estão confinados em um recipiente; o recipiente pode ser feito de qualquer material, sendo os mais antigos (e comuns) feitos de “cabaça” ou de outros tipos de frutos como o coco (Cocus nucifera), ovos de animais, ossos, cerâmica, palha, até os mais elaborados, feitos de madeira, metal ou material sintético.
  2. Externos, quando alguns objetos se chocam colocados na superfície de outro objeto no qual estão presos ou são envolvidos. Nesse caso são encontrados: 2.1 ‘de fieira’, quando estão alinhados a um material flexível (pedaço de couro, corda, etc.) e são presos a um outro objeto ou ao próprio corpo do “instrumentalista”; são chamados de “ankle bells” e “row rattle”; 2.2 ‘de alça’, quando estão presos, de forma alinhada ou não, a um objeto rígido que será sacudido pelo “instrumentalista” (como o “xequerê” e o “sistro”); 2.3 ‘de vento’, quando estão presos a outro material que por sua vez está preso a uma estrutura rígida, leves o suficiente para entrechocarem conforme o deslocamento do ar; nesse caso são chamados também de “sino de vento”. É conhecido pelas variantes “xocalho”, “xucalho”, “xucáio”, “chocáio” e entre os indígenas do Brasil é denominado “maraká”.

Adejá
Também conhecido como “adjá” ou Sineta Litúrgica, é uma campainha ou sineta de metal usada nas cerimônias de terreiro4. Deve ser utilizada e consagrada em momentos apropriados somente por pessoas capacitadas para tal, devendo ser guardado no Congá.
Adjá, Adjarin, Ajá, Ààjà do (yoruba), é uma sineta de metal, alumínio ou cobre, de três bocas, utilizada pelos sacerdotes do candomblé durante as festas públicas acompanhando o toque e nas oferendas, com a finalidade de chamar os Orixás, ou provocar o transe6.
O objeto pode ser de uma, duas ou três sinetas, e o cabo é do mesmo material que pode ser de bronze, metal dourado ou prateado. Geralmente o adjá é feito em 3 tipos de material: Latão, Aço e Cobre7.
O adjá é um instrumento folclórico afro-brasileiro, idiofone, espécie de campainha de metal, simples ou dupla, também conhecido por campa ou sineta. Usado no candomblé da Bahia e, com o nome de xere, no xangô de Pernambuco, tem a função de invocar os orixás, chamar os crentes para o ritual de “dar comida” ao santo, ou para reverenciá-lo, além de acompanhar as danças e os toques de atabaque; o mesmo que já. Ainda nos candomblés da Bahia, designa um instrumento formado por duas campas, com seixos ou sementes no interior, ligadas por um cabo de metal; o mesmo que maracá.
Na Umbanda o adjá é utilizado em vários momentos, no desenvolvimento mediúnico, quando se prepara o Amaci, a oferenda para os Orixás. Só pode ser usado pelo Dirigente Espiritual ou por alguém de extrema confiança do Dirigente.
Campainha desbloqueadora de campos mentais, ao ser tocado saem faíscas e raios, é propagador de energias, e pode ser usado para abençoar os filhos, fazer a limpeza das energias do Congá. No Amaci e nas Oferendas serve para concentrar a energias dos Orixás.
No Desenvolvimento Mediúnico quando tocado próximo ao médium que está se desenvolvendo faz com que o Orixá ou Guia Espiritual se aproxime mais da incorporação, fazendo com que o médium adormeça o mental, deixando tosos os pensamentos de lado e se conectando com o Astral Superior, também é utilizado para decantar energias nocivas ao médium.
Pode ter de 1, 3, 5 ou 7 campainhas e é consagrado ao Orixá de Cabeça do Dirigente Espiritual, quem determina quantas sinetas são os Guias Chefe do Terreiro

Equipe do Grupo de Estudos nessa pesquisa
Agne Roani de Carvalho, Carolina de Castro Wanderley, Denise Freitas de Oliveira, Eliezer Sousa Jr, Izabel Cristina dos Santos.

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