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AUDIÇÃO – Por Agne Carvalho

* Chocalho, pau-de-chuva e adejá
Pau-de-chuva
São idiofones presentes na música indígena do Brasil ou instrumento da tradição indígena brasileira. Consiste em um tubo de madeira ou de palha trançada muito longo e estreito, em cujo interior são colocadas pequenas sementes ou arroz. Ao se inclinar o tubo, o som lembra o ruído da chuva, razão pela qual os índios atribuem ao instrumento poderes de atraí-la, para irrigação das plantações1,2.
Ficheiro:Rainstick 01.png
Chocalho
Termo derivado do latim ‘choca’ (= chocalho grande), encontrado desde o século XIII, derivado do latim tardio “clocca” = (“sino”), originando o verbo “chocalhar” e a variante “chacoalhar”.
Indica qualquer tipo de instrumento cuja produção sonora é feita por meio do ato de sacudir ou agitar. Em todo o mundo os “chocalhos” estão associados, em sua origem, a cultos religiosos, cerimônias e rituais mágicos. Servem para ‘chamar a atenção’ dos bons espíritos ou afastar os maus. Os árabes prendem “chocalhos” metálicos na roupa das crianças para afastar a febre, os pajés indígenas os agitam em cerimônias de purificação, etc.
De forma geral, os indígenas e comunidades arcaicas usam apenas um instrumento, considerado sagrado pela tribo, com poder purificador e protetor. Na música popular é utilizado em par (como as “maracas”). Os “chocalhos” podem ser subdivididos em:
1. Internos, quando os objetos entrechocados estão confinados em um recipiente; o recipiente pode ser feito de qualquer material, sendo os mais antigos (e comuns) feitos de “cabaça” ou de outros tipos de frutos como o coco (Cocus nucifera), ovos de animais, ossos, cerâmica, palha, até os mais elaborados, feitos de madeira, metal ou material sintético.
2. Externos, quando alguns objetos se chocam colocados na superfície de outro objeto no qual estão presos ou são envolvidos. Nesse caso são encontrados: 2.1 ‘de fieira’, quando estão alinhados a um material flexível (pedaço de couro, corda, etc.) e são presos a um outro objeto ou ao próprio corpo do “instrumentalista”; são chamados de “ankle bells” e “row rattle”; 2.2 ‘de alça’, quando estão presos, de forma alinhada ou não, a um objeto rígido que será sacudido pelo “instrumentalista” (como o “xequerê” e o “sistro”); 2.3 ‘de vento’, quando estão presos a outro material que por sua vez está preso a uma estrutura rígida, leves o suficiente para entrechocarem conforme o deslocamento do ar; nesse caso são chamados também de “sino de vento”. É conhecido pelas variantes “xocalho”, “xucalho”, “xucáio”, “chocáio” e entre os indígenas do Brasil é denominado “maraká”3.
Adejá
Também conhecido como “adjá” ou Sineta Litúrgica, é uma campainha ou sineta de metal usada nas cerimônias de terreiro4. Deve ser utilizada e consagrada em momentos apropriados somente por pessoas capacitadas para tal, devendo ser guardado no Congá5. Adjá, Adjarin, Ajá, Ààjà do (yoruba), é uma sineta de metal, alumínio ou cobre, de três bocas, utilizada pelos sacerdotes do candomblé durante as festas públicas acompanhando o toque e nas oferendas, com a finalidade de chamar os Orixás, ou provocar o transe6.
O objeto pode ser de uma, duas ou três sinetas, e o cabo é do mesmo material que pode ser de bronze, metal dourado ou prateado. Geralmente o adjá é feito em 3 tipos de material: Latão, Aço e Cobre7.
O adjá é um instrumento folclórico afro-brasileiro, idiofone, espécie de campainha de metal, simples ou dupla, também conhecido por campa ou sineta. Usado no candomblé da Bahia e, com o nome de xere, no xangô de Pernambuco, tem a função de invocar os orixás, chamar os crentes para o ritual de “dar comida” ao santo, ou para reverenciá-lo, além de acompanhar as danças e os toques de atabaque; o mesmo que já. Ainda nos candomblés da Bahia, designa um instrumento formado por duas campas, com seixos ou sementes no interior, ligadas por um cabo de metal; o mesmo que maracá.
Na Umbanda o adjá é utilizado em vários momentos, no desenvolvimento mediúnico, quando se prepara o Amaci, a oferenda para os Orixás. Só pode ser usado pelo Dirigente Espiritual ou por alguém de extrema confiança do Dirigente.
Campainha desbloqueadora de campos mentais, ao ser tocado saem faíscas e raios, é propagador de energias, e pode ser usado para abençoar os filhos, fazer a limpeza das energias do Congá. No Amaci e nas Oferendas serve para concentrar a energias dos Orixás.
No Desenvolvimento Mediúnico quando tocado próximo ao médium que está se desenvolvendo faz com que o Orixá ou Guia Espiritual se aproxime mais da incorporação, fazendo com que o médium adormeça o mental, deixando tosos os pensamentos de lado e se conectando com o Astral Superior, também é utilizado para decantar energias nocivas ao médium.
Pode ter de 1, 3, 5 ou 7 campainhas e é consagrado ao Orixá de Cabeça do Dirigente Espiritual, quem determina quantas sinetas são os Guias Chefe do Terreiro.
Referências:
1. Dicionário de Termos e Expressões da Música. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=cL6zQ9vAUwkC&pg=PA247&lpg=PA247&dq=p…. Acesso em 03 set. 2012.
2. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=dQUI4OQfk8YC&pg=PA78&lpg=PA78&dq=pau…. Acesso em 03 set. 2012.
3. Dicionário de Percussão. Por Mário D. Frungillo. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=qRG0tBCsdQAC&pg=PA77&lpg=PA77&dq=Ind…. Acesso em 03 set. 2012. 4. Umbanda. Disponível em: http://maascs.blogspot.com.br/2009/09/o-que-e-umbanda.html. Acesso em 03 mar. 2013. 5. http://www.caboclajurema.com.br/elementos.htm. 6. http://www.paimaneco.org.br/glossary/4/lettera 7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aj%C3%A1 8. http://umbandareligiaobrasileira.blogspot.com.br/2011/05/o-uso-do-adja-n…
Canto, Atabaques e Berimbau
Por Denise Freitas de Oliveira

Canto
Pode-se dizer que a música é uma mistura de som e silêncio, prestando atenção ao nosso dia a dia estamos cercados de sons, sejam dos pássaros, do vento, da natureza, dos carros. Os sons fazem parte da humanidade desde sempre, sendo uma linguagem universal para emocionar, festejar, alegrar, entristecer, vender, convencer, divulgar, protestar, rezar, entre outros. A música traduz em si todos os valores culturais de um povo.
Desde a pré-história encontra-se gravuras que representam a música e a dança como formas de expressar os anseios, medos e crenças.
Na umbanda, pode-se imaginar que o que liga os espíritos à matéria são suas frequências energéticas, de pensamentos e atitudes, ou seja, um pensamento de baixa frequência pode atrair energias de baixa frequência e assim o contrário também acontece. Quando vamos ao terreiro, dependendo de nosso dia, nossos problemas, nosso comportamento, também estamos em uma determinada frequência vibratória, é importante cuidar dessa frequência pois da mesma forma que ela pode ajudar também pode atrapalhar os trabalhos que serão realizados naquela sessão. No Terreiro do Pai Maneco, é uma regra que os médiuns além do preceito a partir de 24hs antes da gira até o seu final, não comer carne (de nenhum tipo, exceto peixe), tomar banho de ervas e se defumarem, também cuidem dos seus pensamentos, pois uma boa preparação, inclusive mental, antes da gira faz com que nossa frequência energética fique mais disponível para o trabalho mediúnico, facilitando assim nossa frequência com o mundo espiritual. É preciso salientar que, estando na gira, o médium deve estar concentrado, sem conversas sobre assuntos aleatórios, cantando e batendo palmas do início ao fim dos trabalhos, pois é cantando e batendo palmas, concentrados à gira que as vibrações e frequências se elevam e equalizam, facilitando assim o trabalho dos espíritos na incorporação e auxiliando que os trabalhos se realizem de acordo com o plano espiritual, estando todos numa mesma vibração, concentrados e batendo palmas estão todos participando juntos e focados num mesmo objetivo.
Os cantos em um terreiro, são chamados de “Pontos Cantados” e servem para determinar a ordem do trabalho, nesse caso existem:
Pontos de Descida, ou de chamado: Que são os pontos cantados para chamar as entidades e/ou linhas de trabalho, esses pontos são determinados pelos dirigentes do trabalho e seguem uma ordem estabelecida em cada terreiro.

Pontos de Subida: São os pontos que determinam o fim do trabalho de determinada entidade e/ou linha de trabalho e indica para os espíritos que é chegado o momento de desincorporar.
Os cantos são mantras, algumas vezes ao lermos uma letra ela nos parece “estranha”, sem algumas concordâncias verbais e/ou um português correto, mas eles não devem ser mudados, “consertados”, pois se foram concebidos daquela forma é porque para o mantra acontecer eles precisam ser cantados da mesma forma e no ritmo correto de cada ponto, isso tudo quando é um ponto ditado por entidade. Já para pontos escritos pelas pessoas as adequações gramaticais não são tão restritas.
Existem pontos de saudação, defumação, firmeza, descarrego, descida, subida, cruzamento de linhas, cruzamento de falanges, etc. Cada um deve ser cantado de acordo com sua finalidade para o bom andamento do trabalho.
Os pontos são iniciados pelas “Sambas” do terreiro, mas não devem ser cantados apenas por elas, é de extrema importância que toda a corrente mediúnica participante do trabalho esteja conectada ao que está sendo cantado e cante junto, fazendo assim cada um a sua parte para que o todo seja harmônico.
Não é vergonha não saber os pontos, isso se aprende. Vergonha é não participar e/ou ficar conversando no momento dos trabalhos. Cantar ajuda a todos médiuns, espíritos, assistência, corrente, ou seja, CANTE! Mesmo se achar que não tem voz, não é preciso ser afinado para estar em uma gira de umbanda é preciso ser participativo e ativo.

Atabaques
Os tambores são instrumentos de percussão, formados por uma estrutura oca com um couro (pele) esticado sobre ele, produzindo som ao serem percutidos através da vibração da membrana de couro. Os primeiros tambores foram encontrados em escavações arqueológicas no período neolítico, um desses achados é datado de 6.000 anos a.C, também são encontrados em artefatos egípcios, na Mesopotâmia e na antiga Suméria. Esses primeiros tambores eram armações ocas cobertos com couro de répteis ou peixes, sendo percutidos com as mãos. Os tambores mais modernos usando arcos para esticar as peles surgiram na Europa.
Os tambores sempre foram utilizados na história, seja para festejar, transmitir mensagens à distância e funções religiosas. Na China, há mais de 2.000 anos são utilizados em rituais sagrados e cerimônias de casamento. No Japão um gigantesco tambor, denominado de “o-taiko” é percutido no ritual “Bate o Coração da Mãe Terra”. Nativos norte-americanos também relacionam o som dos tambores à batida do coração da “mãe terra” e no xamanismo é um veículo de invocação dos espíritos, para cura e afastar a força do mal.
Os atabaques na Umbanda possuem o nome de Rum, Rumpi e Lé, e não são somente caixas de madeira com um couro para batucar, é um local sagrado. No Terreiro Pai Maneco a entidade responsável pela “engoma” (conjunto que constitui os atabaqueiros e sambas) é conhecido como Ogan Caian, uma entidade da linha de Ogum que deve ser saudado e respeitado por todos os médiuns da casa.
O Rum deve ser dar os primeiros toques dos pontos, repicar e conduzir os trabalhos, o Rumpi dá o ritmo do toque, mantendo assim a harmonia do trabalho e o Lé normalmente é tocado por um Ogan mais iniciante que deve seguir sempre os toques do Rumpi.
O Ogan chefe é conhecido como o “detentor do conhecimento das giras”, pois é ele que conhece os “preparados” para a gira e é o responsável por conduzir, harmonizar e sustentar os trabalhos.
Cada Ogan tem sua função nas giras, além de tocar os atabaques e facilitar a corrente de energias. Um dos Ogans, sempre volta sua atenção ao que acontece dentro do Congá, mantendo o trabalho em equilíbrio e de acordo com as orientações do guia chefe; outro Ogan tem sua atenção voltada à assistência, onde fica atento sobre possíveis problemas ou olhares de pessoas mal-intencionadas; o terceiro Ogan presta atenção de uma maneira geral, auxiliando os outros Ogans.
Alguns terreiros de candomblé não permitem que mulheres sejam Ogans alegando, segundo Mattos “ (…) que elas não poderiam usar os instrumentos sagrados por ficarem de pajé (menstruadas) ” (pg. 93). Ainda citando Mattos, “ (…) porém, na umbanda, um indivíduo feminino tem totais condições de ser uma atabaqueira, sem problema algum. Se considerarmos que os Ogãs têm um poder divino, uma faculdade mediúnica musical, esta não vem com o gênero, e sim com o espírito e este por ter origem na essência divina, não tem sexo” (pg. 93).
Cada linha de trabalho chamada em um uma gira possui um toque que o identifica, o Ogan deve ter o conhecimento do toque de cada linha, pois é preciso ter exata noção do toque do toque certo no momento certo para o guia certo a fim de obter a maior força que um ponto deve ter.
Há outros instrumentos que são usados nos trabalhos para auxiliar os toques dos atabaques e variam de acordo com cada casa e/ou gira.
Bibliografia
MATTOS, Sandro da Costa O livro Básico dos Ogans .
SENA, Severino. ABC do Ogã. O Valor da Curimba na Umbanda – Madras, 2014
https://povodearuanda.wordpress.com/2010/08/15/fundamentos-de-cantar-bat…
http://www.auladecantolivre.com.br/musica-e-humanidade/

Berimbau

O berimbau é um instrumento de corda muito utilizado nas rodas de capoeira que define os ritmos do jogo. Acredita-se que tenha surgido em antigas tribos africanas os quais eram usados em cerimônias fúnebres e foram trazidos para o Brasil pelos escravos a partir de 1538. Conta-se que eram utilizados por escravos alforriados para chamar atenção na venda de doces nas ruas e após iniciou o seu uso na capoeira. Entretanto, também existem pinturas em cavernas no sul da França que relatam o uso desse objeto como instrumento musical. Acredita-se que deva ter surgido por volta de 15 a 20.000 anos estando presente em festividades egípcias, mesopotâmicas, persas, fenícias, entre outros. É formado por:
Baqueta
A vareta de madeira, que mede entre 30 e 40 cm, é batida contra a corda para emitir o som
Dobrão
Normalmente é uma moeda velha – mas há quem use uma pedra em seu lugar. Ela é segurada entre o polegar e o indicador da mão esquerda e faz variar as notas emitidas pelo berimbau, dependendo da pressão que faz na corda
Cabaça
O fruto seco e limpo da cabaceira (árvore comum no norte do Brasil) tem o formato de uma cuia e funciona como caixa de ressonância, quanto maior seu tamanho, maior a ressonância.
Verga
O arco, com cerca de 1,60 m de comprimento, é feito geralmente do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste
Corda
O fio de arame de aço bem esticado costuma ser arrancado de pneus radiais
Amarração da cabaça
O barbante que prende a cabaça à verga ajuda a passar para ela o som emitido pela corda
Caxixi
O pequeno chocalho (com pedrinhas, sementes ou búzios) reforça a marcação do ritmo.
Existem três tipos de berimbau − o primeiro, de som mais grave, conhecido como gunga ou berra-boi; o segundo, um pouco mais agudo, conhecido como médio; e o terceiro, bem agudo, viola ou violinha −, com funções específicas nessa orquestra: ao gunga cabe iniciar, assumir o controle na marcação do ritmo com seu som mais grave e dar término à roda, enquanto o médio toca as notas inversas (em alguns grupos o médio fica na função intermediária entre marcação e improviso), e o viola ou violinha improvisa o tempo todo, fazendo, na orquestra, o papel de solista.
No Terreiro do Pai Maneco o berimbau tem sido utilizado em algumas giras de Preto Velho ou quando é chamada a linha de baianos ou Zé Pilintra, sendo este último considerado um grande capoeirista retratado na obra de Zeca Ligiéro como um malandro que viveu na região da Lapa, do Rio de Janeiro comandando a “falange dos malandros” onde para fazer parte desse “grupo de alta estirpe” era preciso que fosse bom de briga. Cair na roda de capoeira ou de batuqueiros para provar que era bom de esquiva e malícia era um batizado obrigatório. Também por isso a proximidade dessa linha da umbanda com o som dos berimbaus.
Bibliografia
http://www.historiadetudo.com/berimbau
http://mundoestranho.abril.com.br/cultura/como-surgiu-o-berimbau/
http://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/tecap/article/view/10180/…
LIGIÉRO, Zeca. Malandro divino: a vida e a lenda de Zé Pelintra, personagem mítico da Lapa carioca. Rio de Janeiro: Record Nova Era, 2004

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