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Tenho minha sogra como uma mãe para mim.

por Maurici Lins de Souza – Gira de Sexta

Tenho minha sogra como uma mãe para mim. Sempre demonstrou muito carinho e respeito nesta tênue relação. Mãe dedicada, guerreira, trabalhadora, relações públicas sem ter estudado para tal, mas com uma sensibilidade e diplomacia sem igual. Aprendi e todos os dias aprendo muito com ela e um dos principais ensinamentos é a persistência. Quando ela traça um caminho, não perde o foco. Não dá ouvidos e chance ao pessimismo. Esta introdução se faz necessária para começar uma pequena história que se passou com a nossa família. Minha cunhada entrou em um relacionamento bastante conturbado o que causou o seu distanciamento da família. Por causa da cumplicidade entre elas, este distanciamento atingiu proporções complicadas para minha sogra. Ela não sabia mais onde recorrer para mudar este processo. Depois de muita luta e persistência, começamos a observar que toda sexta ela se ausentava juntamente com o seu irmão, fiel escudeiro e inseparável. Como ela não contava onde estava indo, aguardamos ela se manifestar para não parecer que estávamos controlando. Um dia minha esposa me contou que a sua mãe estava frequentando um terreiro de Umbanda – O Terreiro do Pai Maneco. Eu fiquei surpreso e congelado mediante afirmação e disse isto eu não quero para mim. Respeito a vontade e opinião, mas não é uma situação confortável para mim.

Algum tempo depois, a minha sogra mostrava-se mais esperançosa e animada. Isto sem dúvida também nos contagiava. Um belo dia, minha esposa disse que acompanharia a mãe, pois a falta da irmã era ainda um fardo pesado e no papel de filha mais velha, para retribuir um pouco do amor dado pela mãe, a acompanharia no referido Terreiro. Sempre tivemos uma relação sincera, respeitosa e de cumplicidade. Imediatamente, disse que ela deveria ir, mas eu não estaria pronto mesmo que fosse para uma rápida visita. E assim aconteceu. Eu esperei minha esposa em meio a cochilos e assistindo a TV. Perto da meia noite, ela chegou. Tentei não demonstrar curiosidade e a impressão que me deu, é de que ela não queria chegar empolgada e não ter o meu entusiasmo. É uma questão de criar expectativa e trabalhar a frustração. Pela expressão facial, pude notar que havia chorado. Algumas sextas ela voltou a apoiar a sua mãe. Até que resolvi fazer um carinho para a minha sogra, indo até o TPM para conhecer. Na sexta, fomos e confesso que fiquei surpreso positivamente com a estrutura e a quantidade de pessoas tanto na corrente quanto na assistência. Quando entrei pela porta, veio ao meu encontro imediatamente a minha sogra de braços abertos e visivelmente emocionada, com os olhos marejados dizendo: “-Você veio!” Permanecemos abraçados por alguns minutos, envoltos em amor puro. Não pude negar, a energia era muito forte e muito gostosa. Nunca tinha sentido aquela sensação em qualquer outro lugar. A Gira avançava no seu ritual e quando tocou Ogum de Ronda, minha esposa veio abaixo, chorando copiosamente. Não existem coincidências: o pai dela era devoto de São Jorge e ela de Arcanjo Miguel, aquilo tudo era muito forte. Energia Pura! Emoção Pura! Voltamos para casa extasiados; eu particularmente muito feliz por ter rompido uma barreira de puro preconceito e o que é ainda pior, completa falta de conhecimento.

Algumas sextas nós voltamos, mas não mantendo frequência. Até que um dia, conversamos sobre a nossa caminhada espiritual e propus a minha esposa para que entrássemos. Sem dúvida, focando mais as necessidades dela do que as minhas. Ledo engano. Conversamos com a Mãe Rita em uma conversa objetiva, real e pé no chão, como a nossa Umbanda. Demorou mais algumas sextas até entrarmos definitivamente para o TPM, o que estamos até hoje, fazendo 7 anos de aprendizado e muito treinamento.

Obrigado pela oportunidade

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