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SOBRE O TRABALHO NA PEDREIRA PAULO LEMINSKI – por Patrícia Valduga

Sobre o Trabalho na Pedreira Paulo Leminski

Domingo, dia das mães, dia de trabalho de Pretos Velhos na Pedreira. Acordei muito mais cedo do que eu costumo acordar, mas pulei da cama com energia, bem-disposta e empolgada. Já sentia que aquele dia ia ser diferente.

Atravessei a cidade, achando que não ia conseguir uma vaga para estacionar próximo à Pedreira. Errado, consegui entrar, estacionar e fui encontrar meus irmãos de corrente.

O trabalho começou, não vou me alongar, pois todos que lá estavam sabem quão maravilhoso foi. E quem não foi, recomendo: vá ano que vem, você não vai se arrepender.

Chegou uma hora que seu Sete Ponteiras pediu que tocassem músicas do Paulo Leminski e disse que os médiuns que sentissem vibração poderiam dar passagem sem se preocupar em identificar o que estava vindo.

Achei a ideia fantástica e já me preparei para entrar na vibração, toda disposta a dar passagem para quem comigo quisesse trabalhar.

Passados alguns versos da primeira música, uma sensação de paz imensa tomou conta de mim. Uma vontade de sorrir até encostar os cantos da boca nas orelhas. Eu, que vivo de cara fechada.

Deixei o corpo responder naturalmente. Aquele momento não era meu, eu era só passageiro. Vi várias pessoas incorporando, várias roupagens diferentes. Pretos velhos, crianças, ciganos, boiadeiros, baianos, oriente, Iemanjá, Oxum, Iansã…

Observei achando divertida a maneira como uma das entidades passou cumprimentando a hierarquia. Como um adolescente moderno. Estava vidrada tentando absorver tudo o que estava acontecendo.

As palavras começaram a fluir dentro da minha cabeça. Eu mal conseguia prestar atenção na música, embora estivesse embalada na melodia. Era tanta coisa acontecendo que eu não conseguia entender.

Até que as coisas começaram a fazer sentido. Comecei a pescar frases soltas e a entender o que estavam me dizendo. Eles me disseram que este era um trabalho que estava permitindo que todos os espíritos sem falange viessem atuar na matéria. O que eu estava sentindo era o amor que eles traziam dentro de si e estava há tempos guardado.

Comecei a chorar, copiosamente. Era uma sensação tão boa, me sentia tão leve, tão amada, tão próxima do Criador, não cabia em mim e transbordou pelos olhos. Achei que ia me tornar rio e desaguar naquele lago sereno.

Lá pela quarta música, os espíritos que estavam falando comigo me mostraram tantos espíritos com roupagens pouco comuns, apontando-os como aqueles que não tinham falanges.

Foi uma experiência única, surreal. Fiquei tão emocionada com a intensidade do amor que eles estavam lá doando para a gente que me ajoelhei e continuei a chorar. Chorar de amor e de felicidade. De gratidão.

E gratidão resume o que eu sentia quando algumas entidades foram chamadas para falar para todos. Gratidão pela experiência única. Gratidão por todo o axé. Por todo o amor.

O encerramento do trabalho? Maravilhoso. E a minha reação? É claro que chorei, de novo. Percebi, neste domingo, que devemos ser muito gratos aos nossos pais e mães de santo.

E à Umbanda, que é uma religião que acolhe a todos nós, sem distinção alguma, e nos incentiva a buscar o melhor dentro de cada um de nós. A amar o próximo não só como a gente ama a nós mesmos. Mas como gostaríamos de ser amados.

Patrícia Valduga – Gira de Sábado

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