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Proteção de Exu

Viajo frequentemente a trabalho e numa dessas viagens, estava eu, no Mato Grosso do Sul, distante 6 horas de ônibus, do aeroporto de Campo Grande.
Precisava viajar durante a madrugada, para voar durante a sexta e chegar a tempo de fazer o que precisava, antes da Gira iniciar.
Enquanto me preparava para embarcar, tive um pressentimento, como se eu ouvisse: você vai precisar de muita proteção para embarcar nesse ônibus.
Quando o ônibus chegou, entendi o porquê do aviso. Definitivamente me deu medo, muito medo, pois eu sabia que algo aconteceria.
Tive arrepios, calafrios, mas não tinha escolha.
Bom, como sei que nada acontece fora do tempo, comecei a fazer minhas orações, pedi proteção ao Sr. Exu da Meia Noite, o qual camboneei por mais de 2 anos e também ao Exu que trabalha comigo (ainda não sei o nome).
Fui ousada em minhas orações, pedindo: por favor, Exu que decidiu me ajudar, seja lá qual for, por favor siga comigo nessa viagem, pois só tendo a certeza que estarão comigo, ficarei sossegada.
Acreditando totalmente que estava acompanhada, fui me acalmando.
Mas, +ou- 2 hrs após o ônibus partir, começamos a ouvir, um barulho insistente e irritante, que parecia vir da roda da frente, bem do lado que eu estava.
No meio do nada, apenas vegetação de ambos os lados, estrada deserta a frente e atrás, era o que tínhamos…. e o ônibus seguindo viagem.
Meu coração disparado e meu pensamento só nos Exus, é claro.
De repente, um posto de gasolina e alguns caminhões parados.
O motorista parou o ônibus, desceu, conversou com alguns caminhoneiros e dirigiram-se ao lado onde vinha o barulho, com alguns arames e ferramentas.
Mais de 1 hora passada, comentários surgiram para o tal problema, mas eu sequer entendia o nome do “item”.
Enfim, seguimos viagem.
Apesar do receio, eu estava muito cansada, para me manter acordada. O dia seria longo, incluindo um tempo de espera em aeroporto e um vôo com escala.
Por esse motivo, eu precisava estar bem, para poder cambonear a noite. Era só nisso que eu pensava.
Vencida pelo cansaço, meio desajeitada na poltrona, peguei no sono.
Quando acordei, o dia começava a raiar.
Acordei e exatamente no mesmo momento, olhei para trás.
Eu estava há 2 poltronas do final do ônibus e quando olhei, vi em pé, no fim do corredor, um homem alto, parado, braços longos soltos, muito bem vestido em um terno azul, colete por baixo.
Estava a me olhar…..nossos olhos se enfrentaram por alguns segundos e então, voltei a olhar para frente, bastante impressionada e pensando: o que esse homem tão bem vestido, de terno, faz nesse ônibus?
Até então, nunca tinha visto em uma viagem noturna de ônibus, alguém viajar de terno e ainda por cima, tão alinhado.
Pensei: Vou prestar atenção e ver onde ele vai sentar.
Confesso que não é de meu perfil importar-se com vestimentas, até porque sou atriz e como todos sabem, no meio artístico, usamos as mais variadas e descoladas roupas possíveis.
Mas aquele homem mexeu comigo, de alguma forma.
As poltronas atrás de mim estavam vagas, então imaginei que ele sentaria mais à frente.
Esperei por alguns minutos e como ele não passou por mim, olhei novamente e….não havia mais ninguém lá….
Levantei de um impulso e fui ao banheiro, apenas para me certificar.
As poltronas estavam vazias e o banheiro, idem.
Naquele momento, uma emoção muito grande tomou conta de mim e meu coração disparou.
Além de eu ter recebido o que pedi, ou seja, a presença de um Exu para me proteger, ele ainda havia se mostrado, como para dizer: Filha, olhe, eu estou aqui!
Jamais esquecerei aquela figura, aquele terno de um azul antigo, azul que hoje não usamos mais.

Silvia Tabaca
Médium de Sexta-feira
Cambone da Mãe Rita

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