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“Oxalá primeiro”

Dia de gira, cheguei no terreiro e como sempre fazia, fui ao jardim dos Orixás acender algumas velas. Digo algumas velas, por que geralmente tinha o hábito de acender velas para os guias que trabalhavam especificamente naquela noite. Nesse dia, teríamos gira de Oxóssi na primeira parte e de Boiadeiro na segunda.

Estava muito animada e desde cedo já sentia uma alegria me rondando. Gosto muito das giras de boiadeiro, mas, a alegria não era só por isso, não!!! Naquele dia em particular, estava pensando muito em Seo Zé Pilintra e achei que ele também poderia ser chamado, pois já havia acontecido dessa forma, algumas outras vezes.

Enquanto caminhava até o jardim dos Orixás pensei: Hoje vou acender uma vela para Seu Zé, pois tinha dificuldade de incorporar sua falange. Cortei caminho e fui direto lá, ter com Seu Zé. Bati minha cabeça, acendi um cigarro, que deixei no trilho e enquanto conversava com seu Zé, tentei firmar a vela, também no trilho. Estava uma noite bonita e não ventava, mas nada da vela ficar acesa. Acendi uma, duas, três… seis e já estava ficando contrariada, mas estava determinada e não ia desistir ainda. Respirei fundo e falei mentalmente: Pô seu Zé, dá uma força aí!!!! Cheia de confiança, acendi a vela novamente e ia colocando no trilho, quando estarrecida, vi a vela partindo ao meio. Nossa!!!! mas o que eu estou fazendo de errado? Pensei, sem entender nada e sem saber o que fazer. Foi nesse instante que ouvi um pensamento muito nítido: Oxalá primeiro!!!!

Aquilo me chamou a atenção de fato e pensei, será que é isso que seu Zé quer que eu faça??? Melhor ir e fui. Acendi a vela pra Oxalá e fiz uma prece comovida e envergonhada pelo meu descaso com o orixá maior! Bati minha cabeça e fui saindo, direto ter com seu Zé novamente. Olhei pra imagem do Seo Zé e fui logo falando (falando mesmo): Pronto meu pai, entendi o recado. Risquei o fósforo, acendi a vela e sem saber o que esperar, deixei a vela no exato local de outrora. A vela firmou sem esforço e ficou acesa. Aquilo me despertou uma emoção muito grande e avivou minha fé. Esse ‘causo’ aconteceu a uns dois anos atrás, e a partir daquele dia, não passo uma gira sequer sem ir aos pés de Oxalá acender minha vela, agradecer e pedir proteção para os trabalhos do dia.

Ah! A falange de Seu Zé foi chamada no final da gira de Boiadeiros e sentindo uma energia muito grande, consegui incorporar. Gratidão e aprendizagem foram sentimentos despertados e que guardo até hoje! Saravá nossa Umbanda e os caminhos que os espíritos utilizam pra despertar a nossa fé!

Axé,

Sani Barros,

Gira de quarta, do Pai Leo

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