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O bom capitão

por Rodrigo Fornos

Todo umbandista que se preza quer por que quer acertar. Muitos esquecem que é, por meio do erro, que se acerta mais.

Na Umbanda há, de modo geral, hierarquia, que é uma constituição material para a organização dos terreiros e das giras. Pais e mães de santo, pais e mães pequenos, capitães, ogans e sambas.

Há um certo deslumbre, na maioria das vezes, e principalmente por parte dos iniciantes, em querer alcançar a hierarquia como se isso fosse algum mérito, ou uma promoção. Ledo engano. O que devemos galgar, com muita humildade e tranquilidade, é nosso desenvolvimento, dia a dia, ao longo dessa estrada que conhecemos como Umbanda.

Em nossa religião, temos claro que a lei da ação e reação é uma das estruturas de nossa fé. E eu digo isso apenas para que se perceba que recebemos de acordo como agimos. Portanto, querer não é poder!

Quando fui avisado que seria cruzado capitão de terreiro logo senti um certo deslumbre. Afinal, eu estava ali fazia não muito tempo e, de repente, já era um capitão de terreiro. Cheio de mim, iniciei minha caminhada acreditando que colocar ordem na corrente, auxiliando, portanto, o pai de santo, seria a primeira grande atitude como capitão.

Errado! Como se coloca ordem em corrente, ou seja lá no que for, se você não tem o tato necessário para tal? Como auxiliar um pai de santo se você não conhece sobre os ensinamentos da Umbanda? Como ser um bom capitão se você não conhece as leis da casa em que você frequenta?

Aí começa o grande passo para o fim de uma trajetória. Sem humildade se chega a lugar nenhum!

Mas a grande questão é: o que fazer para ser um bom capitão?

O que eu procurarei fazer nestas próximas linhas é mostrar como foi minha caminhada e meu aprendizado como médium do Terreiro do Pai Maneco até a presente data – até porque o aprendizado é, definitivamente, eterno. E mostrar como um capitão de terreiro como eu venho aprendendo, a cada dia, a lida desta função que eu tenho tanto prazer e honra de servir.

Como disse anteriormente, o maior erro é a falta de humildade em aprender, compreender e agir. Há formas corretas de se falar, de dar um comando, de lidar com o sentimento do seu irmão de corrente.

Sair aos berros, chamar atenção com estupidez, fazer cara de desdém, ultrapassar a liberdade do comando da gira, não fazer uso do bom senso, são alguns dos ingredientes para o seu fracasso, principalmente como ser humano.

Numa gira de Umbanda observar, procurar entender e conversar são atitudes que, já de cara, farão do capitão aquele em que o médium e o dirigente podem confiar.

Um capitão precisa ser pró-ativo e estar atento a todo trabalho que está em desenvolvimento.

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