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Umbanda nas Escolas

O Terreiro Pai Maneco tem desenvolvido ações que visam disseminar a Umbanda para novos públicos. Entre essas ações está a apresentação da religião para crianças, através de visitas guiadas ao terreiro e apresentações culturais em escolas.

Segundo a Mãe Jô de Oxum, as visitas acontecem há pelo menos dez anos. “Recebemos escolas de Santa Catarina e Paraná. A primeira escola que recebi foi católica. Também foi um colégio católico o primeiro a trazer os professores de ensino religioso para ter esclarecimento sobre umbanda. Professores da rede estadual igualmente nos procuram para esclarecimentos”, conta.

“A faixa etária das turmas varia entre 12 a 16 anos. Sempre converso um pouco para entender qual o foco que está sendo abordado pela escola e, dependendo do grupo e do nível de entendimento, coloco os princípios, filosofia da umbanda para que eles possam se colocar”, explica.

O interesse dos alunos é diverso, segundo a Mãe de Santo. “Curiosidade a respeito dos mitos, magia, trabalho de encruzilhada, medo, matança, bebida, charuto e incorporação são as perguntas mais frequentes. Mas a maioria pergunta se nós fazemos o mal e o porquê da vela preta e vermelha. Mostramos que na Umbanda não tem matança e que é proibido cobrar por trabalhos, que a Umbanda é caridade”, relata.

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“Desde que começamos este trabalho, todos me agradecem muito e dizem ter uma ideia totalmente contrária a respeito da Umbanda. Os responsáveis pelas escolas costumam sempre voltar. Acreditam que é trabalho de formiguinha e que deve ser continuo”, diz.

Recentemente o Grupo Kayan, grupo cultural da Engoma do Terreiro Pai Maneco, a convite do coordenador, participou da feira estudantil do Colégio Romário Martins, onde um dos temas da feira era sobre religiões com matrizes africanas.

Segundo a samba, Patrícia Vitachi, o grupo fez uma apresentação com repertório formado por pontos que falavam de todos os sete orixás cultuados na Umbanda, pretos velhos e crianças. “Explicamos as forças da natureza de cada orixá e falamos um pouco sobre a ‘Umbanda pés no chão’, levando mensagem de paz harmonia e amor, pois cada canto é uma oração. Os estudantes e comunidade assistiram atentamente e participaram com seus sorrisos, palmas, interação e perguntas”, relata.

Na última semana, crianças e adolescentes do Terreiro do Pai Maneco e do Terreiro Filhos do Sol foram até o Colégio Estadual Ermelino de Leão para apresentar uma peça de dança e teatro, que trata da Mitologia dos Orixás. Também falaram sobre a Umbanda e como eles se sentem sendo umbandistas.

“Foi muito emocionante, crianças e adolescentes do 6º ano ao ensino médio, professores e funcionários da escola se abriram para ouvir a mensagem. Cantamos o Hino da Umbanda e demos as mãos uns aos outros como fazemos no Terreiro, e um por um os alunos foram dando as mãos formando uma corrente única de axé ao cantar e dançar o Hino da Umbanda conosco”, conta a capitã Andreia Fragoso.

“Levamos e falamos da Bandeira da Amizade, do que ela representa, e de como desejamos que esta amizade aconteça não somente entre nós umbandistas, mas entre todas as religiões, todas as raças e culturas em todos os espaços, para além dos espaços religiosos, dentro da escola, no trabalho, na política, e em cada lugar aonde vamos” relata.

Andreia conta que ao final da apresentação foi aberto espaço para perguntas. “Foi lindo de ver como eles querem saber sobre o que é a Umbanda, sobre o que se faz na Umbanda, eles precisam de mais espaços como este em que se possa desmistificar aquilo que já não serve mais para nos definir”, finaliza.

No último dia 24, o TPM recebeu a visita de uma turma da Escola Monsenhor Gregório Lock, de Brusque, Santa Catarina e, dia 6 de dezembro, receberá um grupo de professores da rede estadual do Paraná. – por Laura Miranda

O ensino religioso nas escolas públicas e a recente decisão do STF

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, decidiu que é possível o ensino confessional nas escolas públicas brasileiras. A votação foi de seis votos a cinco.

A nosso ver houve um grande retrocesso, tendo em vista que estamos num estado constitucional laico, isto é, um estado sem uma religião oficial. Com efeito, o ensino confessional em escolas públicas vai contribuir para a disseminação oficial de determinadas religiões, isto abala a democracia e a liberdade de pensar livremente o divino.

Retrocedemos à 1889, antes do Decreto 119-A que proibiu a vinculação da Igreja Católica com o Estado brasileiro, desta feita não se trata do catolicismo, mas da religião que determinado grupo político determinar que será o confessional.

Na verdade, este é um duro golpe contra as religiões Afro-brasileiras e até na Igreja Católica, diante da expansão das bancadas neopentencostais na política, nos canais de televisão e difusoras AM/FM.

Os onzes juízes do Supremo Tribunal Federal decidiram por uma nação inteira, fato que é questionável sob o ponto democrático. Tal assunto deveria passar, no mínimo, por um plebiscito com ampla discussão ou sequer ser cogitado diante do estado constitucional laico.

Dos grandes erros recentes do STF esse foi o mais desastroso sob o ponto de vista da democracia, a liberdade de pensamento e o livre pensar do divino.

A tese vencida foi a de que “assentar que o ensino religioso nas escolas públicas não pode ser vinculado a religião específica e que fosse proibida a admissão de professores na qualidade de representantes das confissões religiosas. Sustentava que tal disciplina, cuja matrícula é facultativa, deve ser voltada para a história e a doutrina das várias religiões, ensinadas sob uma perspectiva laica, isto é, sem religião.”

Claudio Henrique de Castro

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