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TALENTOS DO TERREIRO DO PAI MANECO: 2 – CRIS MENDES – EXPOSIÇÃO 3 M3NDES

Ela desenha, pinta, canta, batuca, ensina, aprende e bate cabeça, não à toa, e por isso é um dos talentos de mais destaque do Terreiro do Pai Maneco (TPM).

A Mãe Pequena Cris faz questão de integrar sua produção artística à sua atuação religiosa e espiritual. “Não separo essas coisas. Elas são partes integrantes da minha vida”, conta ela, que é formada em Belas Artes e tem mestrado e doutorado em Comunicação na linha de Cinema.

A artista visual também é professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e foi por mais de 13 anos professora na Universidade Tuiuti do Paraná. Desenho, história da arte, metodologia de pesquisa foram e são suas matérias.

Essa vida de artista começou lá nos anos 70 do século passado. “Não fala assim se não vou parecer mais velha do que sou”, brincou. “Mas é a verdade. Fazer o quê? ”, conformou-se com a brincadeira.

Do desenho ao vídeo, da pintura às instalações, tudo é matéria criativa para essa artista, que sempre dá algo de espiritual e religioso às suas obras. “Como eu disse. Sou esse todo. Pratico minha religião com fé, dedicação e amor. E faço isso também com a minha arte”, disse.

EXPOSIÇÃO 3 M3NDES

Agora uma exposição vem destacar essa produção de artista visual com atuação em diversas áreas e inúmeros suportes. Ela, o tio Jair Mendes, um renomado pintor e mestre reconhecido mundialmente, e o seu primo André Mendes, jovem artista gráfico e visual, fazem uma exposição conjunta, no Memorial de Curitiba, a partir deste sábado, dia 27, às 11 horas, em Curitiba.

“Essa exposição é a reunião de três artistas da família. Uma homenagem minha e do meu primo André ao nosso tio Jair Mendes, que é o cara que representa as artes para nós”, contou Cris. Nessa exposição estarão obras da série balangas, uma instalação, desenhos e um vídeo.

APRESENTAÇÃO
Ninguém melhor para descrever o trabalho dela nesta exposição que o professor e crítico de arte Fernando Bini, que assina a apresentação da exposição “3 M3NDES”.

Cris Mendes, impaciente, parte de um percurso rico na pintura com um trabalho sobre a forma e a cor que desembocou na geometrização sem, no entanto, se desligar de certos elementos, mesmo que pequenos, de ordem simbólica. Busca a identidade de brasilidade ligada a ideia de sagrado, como uma animista contemporânea ela procura o poder místico adocicado nos rituais leves da modernidade e põe em cena uma magia que reconstrói um mundo e refaz mitologias dentro de um sincretismo cultural.

Passando pelas fases das “Balangas” com referências aos rituais de umbanda, dos seus simbolismos da terra e o sincretismo religioso, todo centrado no humano, surge um trabalho de memória, cuja dificuldade é de representar os afetos ligados ainda a uma matriarca da família, descendente do maestro Rondinelli, sempre venerada e presente na lembrança de todos.

A cabeceira da cama de seus pais, com as fitas que lembram rituais místicos e mágicos dos Orixás, a partir de colares de miçangas, adornos corporais e que tem como resultado um produto poético da religiosidade popular, mas intimamente ligados aos elementos da família, uma sonoridade implícita nos pequenos sinos, nas chaves e nos demais objetos pertencentes à família e que estão atados. Os fundamentos de sua arte são extra-artísticos, são exercícios existenciais e espirituais, procurando colocar o homem em contato consigo mesmo e são visíveis em seus objetos, instalações e vídeos, mas também na complexidade da sua pintura.
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Na obra da Cris, incluindo o seu vídeo, os desenhos sempre acompanham seus trabalhos, seus objetos e auxiliam na decifração. Mostram que o que está ali não é fruto do acaso, mas são obras pensadas e que tem uma origem poética desde o início. O desenho é o processo de criação, é a ideia.

Fernando A. F. Bini – Professor de História da Arte e Crítico de Arte – Agosto de 2016

Não precisamos dizer mais nada sobre a artista Cris Mendes. O professor Bini faz isso melhor para nós.

UMBANDA
Então vamos ao ponto espiritual e religioso. “Foi lá nos anos de 1990. Eu frequentava o terreiro da Dona Nanci, filha do Edmundo Ferro, que foi pai de santo do Pai Fernando Guimarães. E Acabei indo no Pai Maneco para ajudar uma pessoa que precisava fazer uma consulta”, contou.

E foi nessa primeira vez que ela veio e ficou para nunca mais sair. “E cheguei já cantando. Eu conhecia os pontos e pronto. Lá estava eu na frente da engoma. Já nessa vez ele me mandou vir de branco na próxima gira. Nunca mais parei de vir”, lembrou.

E como canta a Mãe Pequena Cris. E participa de todas as atividades da engoma e ainda escreve sobre os pontos, pesquisa e também compões. “É a minha vida e meu amor!”.

SERVIÇO:

EXPOSIÇÃO 3 M3NDES
Sábado, DIA 27, às 11:00
Memorial da Cidade de Curitiba
R. Dr. Claudino dos Santos, 79 – São Francisco, Curitiba

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